A "isentosfera" hoje está com um discurso mais ou menos assim:
“Quem lá atrás vibrou com o vazamento do grampo em Lula e com a gravação de Dilma, agora acha um absurdo revelarem as mensagens de Moro e Deltan Dallagnol”.
Esse assunto é tão revoltante, mas tão revoltante, que é difícil ficar calmo com quem pensa assim, de tanta raiva que me dá.
Porque se a pessoa não tem capacidade de diferenciar (i) uma interceptação telefônica autorizada judicialmente, contra uma pessoa investigada de crime, cujos áudios foram divulgados pelo próprio juiz da causa, diante do evidente interesse público, de (ii) uma invasão criminosa do telefone celular de um promotor e de um juiz, que atualmente é Ministro de Estado, para fundamentar reportagem sensacionalista atacando uma operação que desbaratou o maior esquema de corrução da história da humanidade (a Operação Lava-Jato), trata-se de um indivíduo sem senso de proporção nas coisas, e principalmente sem a percepção de qual lado deve ficar, quando tem que se posicionar.
Eu fico do lado de Sergio Moro, de Deltan Dallagnol, e da Lava Jato, que vem trazendo excelentes resultados quanto ao desbaratamento das quadrilhas que assaltaram os cofres da Nação, e de todos aqueles que querem um Brasil com menos corrupção e sob uma nova forma de se fazer política.
E esses aí de quem falei acima, que estão com esse discurso que reproduzi, ficam do lado de Glenn Greenwald e dos bandidos perseguidos pela Lava Jato; mesmo que não assumam, mesmo que não reconheçam, e mesmo que não enxerguem.
Simples assim. Não tem como pensar de outra maneira a não ser com essa maneira de que falo. Por mais que se tente fugir da polarização, por mais que se tente evitar essa escolha de lados, não tem como evitar. Ou a pessoa, atualmente, é a favor de uma sociedade que combata a corrupção, que ache que lugar de criminoso é na cadeia, e que o Estado tenha que proteger quem trabalha e produz riqueza, mantendo a ordem, ou então ela é contra isso, e a favor da manutenção do antigo “status quo” de terra arrasada, que favorece os criminosos.
Não dá para ser diferente.
E os isentões, com esse pensamento bisonho de que falei acima, acabaram de se posicionar ao lado dos que são contra as mudanças na forma de se fazer política e no trato com o dinheiro público, e que têm como objetivo acabar com a Operação Lava Jato: exatamente o PSOL, ligado ao “jornalista” Glenn Greenwald, o PT, que tem seu líder e chefe preso, cumprindo pena por corrupção, e toda a bandidagem que só quer que aquela época de assalto aos cofres públicos retorne, e que o governo de Jair Bolsonaro fracasse.
Não sou melhor do que ninguém, aqui. Mas tento muito manter minha coerência. Costumo dizer que sou “prisioneiro dos meus princípios”. Não vou sequer falar sobre o conteúdo das mensagens divulgadas no “The Intercept”, pois nem merece qualquer pronunciamento. Só digo que elas não constituem qualquer ilegalidade na ação do magistrado; nem de longe configuram esse cenário estúpido que estão falando de que o juiz “perdeu a parcialidade”, “o juiz interferiu na condução do processo”, ou algo parecido.
Nem de longe. Quem acha que não há diálogo entre o juiz e os procuradores das partes, no curso de algum processo, está redondamente enganado. Talvez eu escreva, depois, especificamente sobre isso.
O que importa, aqui, é manifestar a minha veemente repugnância contra esse crime midiático feito pelo tal Glenn Greenwald e a falta de senso crítico de parte dos brasileiros, que habitam a isentosfera, e que acham que são feitos de uma aura superior à dos reles cidadãos comuns: no Brasil, ou a pessoa é contra a bandidagem infiltrada na política (e consequentemente contra o PT, PSOL, e extrema-imprensa que lhe dá cobertura), ou ela é a favor.
Não tem meio-termo. O pensamento é binário mesmo, porque atualmente o Brasil é binário. É uma luta do certo contra o errado; uma luta do mocinho contra o bandido; em suma, uma luta do Bem contra o Mal.
De que lado você está?
Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).