Até que ponto o Jornalismo estaria disposto a participar de um crime para obter uma informação?
10/06/2019 às 10:00 Ler na área do assinanteHá uma diferença substancial entre um funcionário do Pentágono, com acesso a dados sigilosos, que vaza documentos para pessoas interessadas em municiar um jornalista; e um criminoso contratado para invadir e roubar dados de telefones privados e corporativos de um Ministro de Estado e de Procuradores do Ministério Público Federal - MPF para ilustrar veículo de comunicação do mesmo jornalista, atualmente casado com um deputado federal filiado à extrema esquerda e em guerra ideológica declarada.
Veja bem: nada do que foi escrito acima invalida ou torna inverídico qualquer conteúdo dos dois casos. Até os envolvidos já confirmaram a veracidade dos diálogos.
Na minha modesta opinião, eles são de natureza gravíssima e com potencial para criar uma crise institucional e uma avalanche de insegurança jurídica em momento delicado do Brasil.
O que se discute, entretanto, é até que ponto o Jornalismo estaria disposto a participar de um crime para obter uma informação.
Desenhando: um ladrão rouba o carro de um juiz e o jornalista aceita ficar com o veículo roubado porque no porta-malas há documentos sigilosos de processos que ele deseja divulgar.
Noutras palavras, em tempos tão estranhos, quem levará o xeque-mate é a Liberdade de Imprensa.
Fiz-me claro? Espero que sim...
Helder Caldeira
Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.