Sempre disse que, mais do que a corrupção, o Brasil tem dois motivos principais para manter-se subdesenvolvido. Ambos são culturais.
O primeiro é o "fetiche" pelo Estatismo. A nação dos "direitos", das "garantias", da "estabilidade". Não queremos saber o que podemos fazer pelo país, mas o que o país pode fazer por nós. Deitados eternamente em berço esplêndido, como reza o Hino. Aqui, os jovens sonham ser juízes, marajás do funcionalismo público, não empresários.
O segundo é a inveja do progresso. A criminalização do sucesso. Para o Brasileiro, ser rico é uma vergonha. Afinal, não existe uma grande fortuna sem um grande crime. Um empresário, que gera milhares de empregos, comprar um avião é IMORAL. Deveria ter "consciência social" e distribuir a riqueza que ELE criou. Torcemos contra os nossos patrões. Desejamos, em segredo (ou não), o fracasso de todos aqueles "burgueses safados".
O caso do Neymar, então, mostrou a alma do Brasileiro. O jogador, ao expor sua intimidade, expôs todo o Brasil, de cuecas.
Mesmo os que perceberam a "armação", tiveram aquela sensação de "bem-feito". Afinal, ele é um sonegador (ainda que absolvido), co-responsável pelo rombo da previdência. Ele é um cara bem-sucedido, que recebe um salário imoral.
Não importa que ele gere uma receita DEZENAS de vezes maior do que o que ganha. É injusto o cara fazer fortuna chutando uma bola.
Já li de tudo, desde ontem. "Moleque", "trouxa", "otário". Cinquentões e sessentões, obesos, de classe média, em coro, condenando a "imoralidade" do milionário imaturo, que não percebeu o "golpe" da siliconada.
São os mesmos que de noite, em silêncio, longe dos olhares julgadores das esposas de meia-idade, sonham com as golpistas siliconadas que colocariam em suas lanchas, se acertassem as dezenas da Mega Sena, porque não tiveram talento suficiente para "chutar uma bola".
Realmente, é muito fácil resistir às tentações que não existem.
"Na verdade, olhando agora com mais atenção, percebo que as Uvas estão todas estragadas e não maduras como a princípio imaginei..."
Felipe Fiamenghi
O Brasil não é para amadores.