Quem não deixa o Brasil ser melhor?

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PROLEGÔMENOS

Li, recentemente, nas listas de discussão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que “fala-se mal do comunismo por ignorância do que ele realmente seja”.

Acho que a denúncia - por sua própria natureza e pela natureza do denunciador - seria equivalente à de que “fala-se mal dos governos petistas por ignorância do que o lulopetismo realmente seja”. ‘Mutatis mutandis’, ambas as denúncias são equivalentes.

O artigo abaixo, nem de longe pretende explicar a natureza teórica do comunismo, ou do lulopetismo, mas procura ater-se sobre os danos de um e os malefícios de outro. Uma mais detalhada discussão do tema pode ser encontrada em:

Aqui, neste artigo, segue-se o preceito bíblico de que uma árvore que dá, invariavelmente, frutos medonhos é árvore a se evitar. Esta árvore é o comunismo, que a par de ter ceifado a vida de estimados 84 milhões de pessoas no mundo (20 milhões só na União Soviética), foi um fracasso em todos os países em que foi imposto como regime de governo. As estimativas acima citadas são de Stéphane Courtois em “O livro negro do comunismo”.

Nem passar por perto desta árvore é aconselhável.

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Recebo muitas mensagens individuais (fora de listas de discussão), algumas comentando o que escrevo, outras o que outros escreveram. Recentemente recebi um comentário sensato sobre um texto de um conhecido personagem de esquerda, em que este comenta as nossas mazelas políticas e econômicas e aponta o demônio responsável por elas: os Estados Unidos. (Não poderia ser de outra maneira, claro, em se tratando do comentário de um personagem comunista). Pincei uma frase de seu texto e sobre ela apresento alguns comentários: “Se ele [o Brasil] não é melhor é porque não deixam.”

Eis meus comentários:

Quem não deixa o Brasil ser melhor? Os Estados Unidos? Esta é a velha, surrada e subdesenvolvida cantilena das esquerdas. É muito fácil colocar a culpa de nossas mazelas em terceiros, em vez de procurarmos entender que somos nós os autores de nós mesmos e de nossas tragédias.

Para começar, não foram os Estados Unidos que nos impuseram Lula e Dilma (entre outras incompetências federais), disto estou absolutamente convicto. Aliás, se dependesse daquele país, nem Lula nem o PT teriam empolgado o poder no Brasil. Desconfio até de que os petistas e demais fauna esquerdista concorda com esta afirmação, por diferentes razões, claro.

Mas o choro eterno das esquerdas é sempre o mesmo: os Estados Unidos sempre foram e continuam sendo o demônio que não nos deixa ser feliz. (Exceto, claro, quando se trata de um esquerdista de universidade escolher um país para um doutorado, ou para uma farsa chamada “pós-doutorado”. Nessas ocasiões a pátria americana é o ideal da grande oportunidade para todos os socialistas.)

Chávez atribuía o fracasso do seu socialismo do século XXI ao imperialismo americano. O facínora e ditador Nicolás Maduro faz isso diariamente, enquanto mata o povo da Venezuela à fome e à bala.

Acusar os Estados Unidos do fracasso doméstico é, pode-se afirmar, o comportamento padrão dos dirigentes “populares e progressistas” das repúblicas bananeiras latino-americanas.

Singapura nunca fez tal acusação. Coreia do Sul jamais cometeu tal injúria.

Um país sério jamais fez, ou fará, tão ridícula imputação.

Ao contrário, países sérios (como Singapura e Coreia do Sul) se deram bem porque trabalharam firme, impuseram limites estritos à corrupção, forneceram educação de qualidade (mesmo!), impuseram disciplina laboral e limites ao aparelhamento dos Estados pelo sindicalismo parasita. (O Brasil tem cera de 17000 sindicatos, por conta do Fundo Sindical e outras mamatas. A Alemanha tem cerca de nove sindicatos!)

Quando esta praga sindicalista diz aos sindicalizados que eles vão perder direitos na reforma da Previdência, ela mente. Quando repete a mesma ladainha a respeito da reforma sindical, mente duplamente. Os direitos vão até aumentar com as flexibilizações e negociações diretas, mas isto implica em perda de poder (aí sim!) dos sindicatos. E isto os parasitas tutores dos trabalhadores não aceitam. É o sindicalismo do atraso.

Nunca se viu acusação de que terceiros tentaram impedir o desenvolvimento de Singapura, da Coreia do Sul e de outras nações sérias e organizadas. Falta Shakespeare para dizer às esquerdas das repúblicas bananeiras latino-americanas:

“You complain too much!”

Vamos trabalhar sério e construir nosso futuro, sem mais inventar fantasmas que nos impeçam de avançar. Os fantasmas que nos prendem ao atraso estão aqui mesmo e são representados pelos parlamentares medíocres (quando não corruptos), pelo Executivo que cheirava (até poucos meses atrás) a lixo intelectual e moral; pela Justiça retrógrada, paquidérmica e leniente (quando não corrupta), pelo sistema educacional aparelhado pela esquerda jurássica e gramscista e, finalmente, pelo sindicalismo parasita e explorador dos trabalhadores.

O fantasma norte-americano só existe como discurso das esquerdas, para seduzir as massas iletradas e desprevenidas e escapar do diagnóstico inevitável: as esquerdas e seu socialismo (seja este de que século for!) são, estes sim, uma das causas maiores de nossas desgraças.

Citei Shakespeare. Cito agora o genial Roberto Campos:

“O doce exercício de xingar os americanos em nome do nacionalismo nos exime de pesquisar as causas do subdesenvolvimento e permite a qualquer imbecil arrancar aplausos em comícios”.

E não me venham com o velho e safado “argumentum ad hominem” - a última trincheira do canalha, reafirmo - acusando, sem jamais ter provado, que Campos estava (como diziam, que Sérgio Moro também estava) a serviço do Estado Unidos. Só de indignação, ante esta repetida afronta, cito Roberto Campos de novo:

“Fui um bom profeta. Pelo menos, melhor do que Marx. Ele previra o colapso do capitalismo; eu previ o contrário, o fracasso do socialismo”.

Previu e acertou.

Na mosca!

Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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