Dias antes das manifestações do dia 26 de maio, combinei com meus leitores que eles enviariam fotos dos movimentos em suas cidades, foram tantas fotos que optei por escrever num blog e disponibilizar o link na matéria do Jornal da Cidade Online.
Ao receber o material fui surpreendida pelo engajamento de pessoas de todas as idades, regiões, profissões e classes sociais, e isso me fez pensar "o que os une? Qual é o ponto incomum entre essas pessoas tão diferentes? Como foram motivados, já que muitos "líderes da direita" fizeram esforços para desencorajar a população?"
Foi aí que decidi mudar o foco da matéria e ao invés de fazer mais uma análise sobre o dia 26 de maio, encontrei um termo que cai como uma luva: Zeitgeist.
Não vamos falar sobre Bolsonaro, Congresso, STF, MBL, Janaína Paschoal e outros que marcaram seus nomes, positiva ou negativamente, nesse ato histórico. Falaremos apenas sobre zeitgeist. O que é isso?
*Zeitgeist (pronúncia: tzait gaist) é um termo alemão cuja tradução significa ESPÍRITO DA ÉPOCA, espírito do tempo, sinal dos tempos.
O Zeitgeist significa o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo."
As fotos e citações desta matéria colaborativa, não tem o objetivo de demonstrar o sucesso das manifestações, mas sim, eternizar qual é o atual Zeitgeist que moveu milhares de brasileiros a saírem de suas casas no domingo, sem comando, sem um líder, desgarrados, desacreditados e contrariando às críticas de quem eles um dia admiraram.
Manifestação é a única arma democrática que resta a um povo que votou em seus representantes, mas que não está se sentindo representado, talvez, pelo fato de apenas 27 dos 513 deputados terem sido eleitos de forma direta, obtendo votos suficientes para conquistar as vagas, enquanto a imensa maioria ocupou o cargo por conta do "quociente eleitoral" (assunto para outra hora).
Christmann Hilleshein, de Primavera do Leste no Mato Grosso, foi um dos líderes da manifestação pró Bolsonaro e pró Reformas na cidade; ainda emotivo com a atitude da plateia que orou de joelhos pelo país, ele explica:
"Traduz o sentimento do povo brasileiro em acreditar que o Governo do Bolsonaro está no caminho certo e louva a Deus, pede a proteção necessária ao Governo e para que o Congresso ande conforme a vontade do povo traduzida ontem na oração."
Hoje, mais do que nunca, sou apenas a porta voz do pull de sentimento que se espalhou pelo país, então, concluo meu texto com uma análise de Enio Vivian:
"Existe uma narrativa predominante em todos os eventos políticos, que é de tirar do povo o protagonismo. A mídia apoia esta narrativa equivocada e até os historiadores fazem isso. Claro, quem mais tem interesse em negar o protagonismo do povo são os ganhadores e os perdedores. Os ganhadores dizem que foram eles que fizeram. Veja a Janaina dizendo que ela fez o impeachment da Dilma. Mentira. Desde o começo do processo se dizia que não havia ambiente político para o impeachment dela. Quando o povo foi para a rua, o impeachment aconteceu, ou seja, foi o povo. Bem, e os perdedores? Eles também não vão querer dizer que saíram por causa do povo, seria suicídio político, seria aceitar que o povo os abandonou. Sempre foi assim... Ou alguém acha que os militares saíram do nada e tomaram o poder lá nos anos 60? Isso aconteceu porque o povo foi para a rua e até hoje a narrativa é de "ué são os políticos que fazem as mudanças." E os políticos mais ingênuos acreditam nisso também. Foi o que aconteceu com o MBL e a Janaina, eles não entenderam que somente foram usados pelo povo pois estavam de acordo com os anseios daquela época. Os políticos mais antigos e espertos sabem disso e ficaram quietos com o anúncio da manifestação. Os novatos, MBL e turma, iludidos, saíram dizendo para que o povo ficasse quieto que eles os 'iluminados' cuidariam de tudo. Jovens..... (hehehe) Vão aprender. O povo pode ser seduzido, mas não será mandado. Que fique a lição. O Povo é quem manda. Mesmo que todos digam que não."
Finalmente chegamos no tempo do brasileiro politizado que quer participar, quer saber quem votou contra ou a favor de cada projeto; imaginem se esse fenômeno tivesse acontecido há 10 anos atrás, teríamos evitado tanta coisa ruim que nos aconteceu...
A democracia é um jogo de gente grande. Crescemos!!!
Conheça alguns brasileiros que explicam o nosso "espírito da época": Clique neste link
Imagens enviadas por leitores de todo o Brasil: Clique neste link
Raquel Brugnera
Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.