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O presente e futuro da Petrobras como fator eleitoral

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A Petrobras é ainda a maior empresa brasileira, símbolo de desenvolvimento econômico e da soberania nacional.

É considerada pela esquerda como patrimônio nacional. Não do Estado e demais acionistas, mas do povo brasileiro. E ela se considera o povo brasileiro. Opondo-se a tudo aquilo que considera ações ou manobras para enfraquecê-la. E com isso aliená-la aos grupos estrangeiros. Nesse sentido a Petrobras é também o símbolo do nacionalismo brasileiro.

Mas a partir dessa imagem, os grupos de esquerda capturaram a Petrobras "de cabo a rabo". Desde a direção superior aos petroleiros, que trabalham no "chão da fábrica", no caso das refinarias ou nas plataformas de produção de petróleo em alto mar. E os petroleiros estão em greve.

Não para confrontá-la, como empregadora. Mas para a sua defesa, contra os que eles entendem serem os conspiradores pela sua destruição ou alienação aos capitalistas estrangeiros.

A sua principal pauta é a manutenção do regime de partilha. E se para isso a Petrobras precisa de mais recursos esses devem ser supridos pelo povo brasileiro. Em outros termos pelos contribuintes. Através de mais impostos para serem destinados à Petrobras. Garantindo o seu papel de predominância na exploração do petróleo do pré-sal, outro grande patrimônio do povo brasileiro.

E tem o apoio de muita gente que segue uma concepção nacionalista da vida. E também se considera o povo, dono da Petrobras. Mesmo não tendo dinheiro para comprar uma ação da Petrobras. A adonação da empresa tem caráter simbólico, mas determina ações concretas.

A opinião publicada, por outro lado, assume a defesa da Petrobras como empresa e contesta a captura dela pelos políticos, dirigentes e gerentes corruptos. Assim como se opõe à greve dos petroleiros que afeta a sua produção e receita. E apoia oposição ao Governo atual que defende o retorno ao modelo de concessão. 

É uma situação de esquizofrenia onde ambos os contendores dizem defender a empresa, mas propõe medidas opostas. Levando a um impasse.

Impasse que tende a permanecer com a manutenção do Governo atual, passando a ser uma das principais disjunções da campanha eleitoral de 2018. É um dos temas que os candidatos devem se preparar bem, para defender a sua posição e atacar a contrária.

Até lá o Governo, atendendo a sua base de esquerda, manterá o regime de partilha, o que levará a sucessivos adiamentos dos leilões de exploração e produção do pré-sal. O modelo de partilha não muda, mas também não se efetiva. Até mesmo os investimentos em Libra tenderão a uma defasagem no cronograma, que só não será maior em função do interesse dos sócios na empreitada.

Levantar a obrigatoriedade de participação de 30% da Petrobras nos investimentos do pré-sal não tem sentido prático. Dadas as condições atuais do mercado de petróleo e as incertezas, com relação  ao mesmo, nenhuma grande petroleira se dispõe a investir numa exploração de viabilidade econômica duvidosa.

A expectativa do Ministro da Fazenda, juntamente com alguns governadores, a favor da mudança do modelo, para obter dinheiro para os caixas do Tesouro Federal e estaduais é pura ilusão.   

Na campanha de 2006, Lula surpreendeu Alckmin e foi vitorioso. Em 2010 Dilma acuou Serra que não se preparou adequadamente para a discussão do tema.

Discutir o futuro da Petrobras, neste momento, é um debate acadêmico e ideológico, sem grandes efeitos práticos. Mas serve como preparação para 2018.  

O que os partidos, políticos e opinião publicada devem considerar e entender adequadamente é porque a defesa do petróleo e da Petrobras tem influência sobre o voto dos menos esclarecidos.

O populismo se baseia, principalmente, em benefícios sociais aos "que mais precisam" ou "aos mais vulneráveis", incluídos neste grupo os trabalhadores. 

A visão  difundida pelos populistas é que o petróleo e a Petrobras pertencem a cada um deles, por que é do povo brasileiro. Promovem a confusão entre a propriedade do Estado, com a propriedade da nação e do seu povo. 

A privatização de empresas estatais  é contestada, ou atacada como uma alienação do que é do povo para as mãos dos inescrupulosos capitalistas. 

As circunstâncias atuais mostram uma outra realidade que deverá ficar mais evidente até 2018. A Petrobras foi delapidada pela esquerda no poder. Em nome do povo brasileiro o saqueou. Mas há versões de que o saque foi dos empreiteiros. Ou seja, mais uma vez, dos malditos capitalistas.

O petroleo e a Petrobras são do povo brasileiro e riqueza essenciais para o futuro de toda a população brasileira.

O povo não pode viver sem o petróleo e essa riqueza não pode ser  dominada por poucos.  Poucos gananciosos que só buscam os seus interesses e seus lucros, sem atentar para as necessidades populares.

O grande adversário do povo, nesta questão, pode ser o próprio povo. 

Cresce sucessivamente a visão dentro do povo de que o petróleo não é um benefício, mas um malefício. O petróleo seria o principal vilão do aquecimento global. 

Por enquanto é uma visão de classe média, mais informada, embora essas informações sejam contestáveis. 

Já as altas temperaturas, quando ocorrem, atingem a todos e a associação com o petróleo pode ocorrer por meras crenças. 

Não será pela razão, mas pela emoção, pelo subjetivo.

A riqueza do petróleo decorre de um padrão civilizatório baseada numa energia farta e barata. Movimentando milhões de automóveis pelas cidades. 

O paraiso é estar dirigindo o seu carro, com a imensa sensação de liberdade.  Mas cada vez mais no inferno dos congestionamentos.

Quem ainda não tem queria. Muitos não querem mais.

Há uma expectativa do fim próximo da era do petróleo. "Fim próximo" é sempre uma crença.  

Se essa crença "pega" o petróleo perde importância, a Petrobras perde importância real e simbólica. 

Defender a Petrobras como estatal não terá a mesma importância eleitoral. 

Quem vai pagar para ver?    

Jorge Hori

http://iejorgehori.blogspot.com.br/

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Jorge Hori

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