Vejam o que está acontecendo em nosso país:
a) uma pessoa que hoje está presa por corrupção (o ex-presidente Temer) tem o seu decreto de indulto a presos por corrupção validado pela Suprema Corte;
b) um grupo de Parlamentares (“Centrão”) diz ser a favor do combate ao crime organizado no país, mas retira do Ministro da Justiça e da Segurança Pública um instrumento que garantiria maior combate ao crime;
c) o Presidente da República baixa um Decreto regulamentando a posse e o porte de armas no país, que está de acordo com a vontade maciça da população, e o Presidente da Câmara dos Deputados (Rodrigo Maia) diz que o Presidente precisa “conversar” e “negociar com ele” para que o Decreto não seja derrubado;
d) esse mesmo Presidente da Câmara (Rodrigo Maia) diz que reconhece a necessidade da aprovação da maior reforma legislativa que o país precisa, sem a qual ele quebra, e cujo projeto já foi enviado pelo Presidente da República ao Legislativo há 2 meses, mas, igual no item acima, diz que o Presidente precisa “conversar” e “negociar com ele” para que o Projeto seja aprovado;
e) enquanto a mídia diz que a ação de um eleitor na internet, que se encontra lá na Virginia, nos EUA (Olavo de Carvalho), com os seus comentários sobre militares que integram o Governo, ameaça a estabilidade do Governo, deixa de valorar as reais ameaças que o Parlamento faz ao futuro do País.
E assim, na escalada de atitudes incoerentes e de acontecimentos surreais, que ocorrem diariamente, e que poderiam ser listados à exaustão aqui, temos presentes todas as características que fazem do Brasil uma distopia.
São elas, as características:
- o anormal e o anômalo, e a distorção da realidade, acabou virando o normal;
- as normas que visam ao bem comum são flexíveis, e usadas em favor do Estado, que é corrupto;
- a tecnologia (imprensa e internet) é utilizada como ferramenta de controle dos indivíduos (ou do Estado e de corporações).
A continuar assim, nesses passos largos que essas pessoas vêm dando no Brasil, a expectativa para um mundo melhor não é possível, uma vez que, em uma distopia, as características negativas da realidade são reforçadas.
Viver-se na situação desesperadora de estar sempre “no limite”, de caminhar sempre à beira do precipício, passará a ser a regra.
Não é cenário de filme de ficção científica. É o Brasil, se nada for feito, e se conseguirem fazer o governo de Jair Bolsonaro fracassar.
Precisamos reagir. A coisa é séria.
Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).