Bolsonaro versus reitores das universidades federais: A batalha anunciada
04/05/2019 às 20:12 Ler na área do assinanteVamos assistir uma enxurrada de Universidades Federais ameaçando fechar as portas por conta do corte de 30% nas verbas
Normal, faz parte da "resistência" e já era previsto pelo governo. Previsto não, aguardado.
Vamos analisar o caso considerando o mecanismo de conquista do cargo, o poder limitado do reitor e as consequências de seus atos administrativos:
- Quem escolhe o reitor é a comunidade acadêmica (os professores, técnicos administrativos e estudantes), em via de regra, cria-se uma listra tríplice que é analisada pelo MEC. Já houve casos onde um ministro nomeou o reitor da federal do RJ; ou seja, o governo pode escolher novos reitores.
- "O reitor da Universidade vai demitir todo mundo." Não, não tem esse poder.
Servidor universitário federal é concursado, nem o presidente da República pode demiti-lo, apenas um órgão colegiado e o salário dos servidores federais está em dia.
-"O reitor disse que vai fechar o campus!" Ele também não tem essa autoridade! A menos que ele tenha comprado a Universidade, então ela é particular. Se um reitor fechar um campus, ele também perderá o emprego, deverá responder por má gestão dos recursos públicos e no dia seguinte entra um reitor alinhado ao governo e reabre o campus.
- Reitor é um administrador temporário de um bem público, não tem tanto poder quanto gostaria. Ou alguém realmente acredita que o diretor de uma escola pública tem o poder de demitir todos os professores concursados, mandar fechar a escola e mandar todas os alunos para casa sem o diploma?
Acham mesmo que um reitor poderia intervir drasticamente no processo de obtenção do diploma de curso universitário, ou, proibir acesso de novos estudantes ao ensino público superior? Bobagem...
Só mais um movimento para tentar espalhar o pavor às comunidades. Não esqueçam que eles também se sustentam com o campus, não iriam fechar as portas, nem que pudessem!
O que estamos assistindo é a boa e velha estratégia do "arrocha", (quem é da área de economia e administração sabe que a política de cortes numa corporação também funciona assim), se reduz os atrativos financeiros da equipe, mantendo apenas o básico, quem se sobressai são os profissionais econômicos, os catedráticos, os comprometidos e os criativos, já os que chegaram ao cargo por qualquer outro motivo, irão tentar inflamar a opinião popular para deixar tudo como está, mas só conseguirão a própria exoneração.
É uma questão de ajustes, todos nós já passamos por isso nas empresas onde trabalhamos e em nossas vidas pessoais, mas sobrevivemos, já li uma nota de universidades que chegam a usar o termo: “Constrangimento", referindo-se às dificuldades de pagarem os serviços de limpeza depois do corte.
Impossível não lembrar do exemplo do Japão, onde cada um limpa seu espaço, do porteiro da Universidade, até o reitor, cada um mantém sua sala e banheiros limpos, afinal, é um ambiente seleto, frequentado apenas por mentes brilhantes, não há constrangimento em ser humilde e higiênico; constrangedor mesmo, é usar dinheiro público para promover ações políticas dentro do campus, ignorando que há outras vertentes frequentando o mesmo espaço.
O que o povo deve ficar atento é que esse valor de 30% que saiu do ensino superior, seja de fato aplicado na educação básica!
Se houve "arrocha" de um lado, deverá haver fartura do outro! Mais vagas, melhorias na infraestrutura das escolas, na alimentação, nos turnos integrais, mais professores contratados, enfim... Haverá melhorias.
Raquel Brugnera
Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.