O embate entre Crivella e a Globo: a emissora definha...

12/04/2019 às 19:32 Ler na área do assinante

Vi o vídeo do esculacho do Crivella na Rede Globo, e depois disso ele, no meu conceito, passou de uma pessoa irrelevante para alguém que eu admiro um pouco (só um pouco).

A Rede Globo é toda psolista. A campanha que ela fez na última eleição municipal para Marcelo Freixo ganhar a Prefeitura da cidade foi absurda, foi descarada, foi vergonhosa.

Crivella foi eleito muito mais pela rejeição dos eleitores cariocas à figura de Freixo, e por causa das manipulações das pesquisas, que traziam Flavio Bolsonaro com 5% na última semana antes do pleito, quando ele, no final, teve 15%, do que por seus próprios méritos.

Aliás, se o oponente de Freixo fosse o falecido e saudoso “macaco Tião”, do zoológico do Rio, que costumava receber votos em cédulas de papel, talvez mesmo assim o candidato do PSOL perderia a eleição, pela rejeição manifesta.

Mas a Rede Globo faz uma campanha maciça contra a administração de Crivella, já pensando em 2020, quando Freixo provavelmente voltará a ser candidato.

E assim a emissora insinua, no tal vídeo que está viralizando, que a culpa pelos alagamentos da cidade na chuva dessa semana foi de Crivella, quando todos sabem que o problema de enchentes no Rio de Janeiro é recorrente e secular.

Com efeito, desde que moro no Rio de Janeiro, há mais de 25 anos, que é a mesma coisa quando chove. Mas obviamente, por causa dos governos irresponsáveis dos últimos anos, a coisa piorou muito, e agora, além dos alagamentos e das enchentes, ocorrem deslizamentos (que têm relação com a crescente favelização da cidade).

Crivella é Prefeito desde janeiro de 2017. Ele não era do Executivo durante a Copa ou as Olimpíadas, por exemplo, quando os cofres da cidade do Rio de Janeiro e do Estado eram assaltados na “mão grande” pelo PMDB/PT.

Querer responsabilizá-lo pelo caos da cidade é atitude de canalha ou de imbecil.

Mas obviamente é ele que senta na cadeira de Prefeito hoje. E é ele quem recebe as cobranças, no final; isso é claro.

Tendo em vista esse fato, a única pergunta que deve ser feita para a Rede Globo é: caso Marcelo Freixo tivesse ganhado a eleição de 2016 e fosse ele o prefeito hoje, a emissora se referiria a ele da mesma maneira, com o mesmo tom, com o mesmo “approach”, como faz com Crivella, por causa do evento que aconteceria de qualquer maneira, mesmo com ele, Freixo, no cargo, ou diria que as administrações anteriores deixaram a cidade com um “passivo social” enorme para a Prefeitura?

Essa é a dúvida...

Guillermo Federico Piacesi Ramos

Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).

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