A falácia daqueles que fingem defender os "pobres", de que o regime de capitalização não deu certo no Chile

10/04/2019 às 08:19 Ler na área do assinante

Defender a reforma da Previdência tem significado uma luta diária contra as fake news de quem não quer perder seus privilégios e se finge de defensor dos pobres.

E a fake news da vez é o "fracasso" do regime de capitalização no Chile, que está fazendo (olha só!) os velhinhos se suicidarem! Quem poderia ser suficientemente malvado para não se importar com isso, não é mesmo?

Vamos por partes:

1) A taxa de suicídio entre idosos no Chile é bem inferior à média mundial, mais especificamente a número 118 no ranking de suicídios para a faixa etária acima dos 70 anos.

A fake news surgiu porque as taxas de suicídios entre os idosos é maior que que a taxa entre os jovens. Estrategicamente, esqueceram de citar que essa é uma tendência mundial: os idosos se suicidam mais que os jovens no mundo inteiro, e que problemas financeiros não estão entre as principais causas de suicídios entre os idosos.

2) O valor médio das aposentadorias chilenas é de 400 dólares, que é de fato menor que o salário mínimo de lá (450 dólares). Mas se convertermos em reais, perceberemos que eles ganham mais do que no Brasil (R$ 1500 X 1.283, que é a média do INSS). E se considerarmos que eles contribuem com UM TERÇO do que a gente contribui, fica muito claro qual é o regime de aposentadoria que não deu certo. No Chile, a contribuição é de 10% do salário, e só. Aqui, é de 8% a 11% do empregado + 20% do patrão (o que, no fim das contas, sai do mesmo bolo). Resumindo, eles contribuem menos e recebem mais.

3) As aposentadorias não estão conseguindo acompanhar a renda média da população porque A RENDA CRESCEU MUITO nos últimos 15 anos, graças a políticas liberais.

Hoje, a renda do Chile é de país rico, mas quem está se aposentando agora passou a maior parte da vida contribuindo proporcionalmente a um salário de país pobre.

Ou seja, é uma situação temporária, típica de um país que mudou de patamar econômico.

Ainda que nada seja feito, a tendência é ir melhorando, ano após ano, até a situação ser naturalmente superada em umas duas décadas.

4) Após a instituição do regime de capitalização no Chile, a desigualdade social CAIU. Você pode até dizer que talvez não seja só pela Previdência, mas agora não pode dizer mais que a capitalização é cruel com os pobres. Afinal, eles estão, comprovadamente, menos pobres.

5) O regime de capitalização, ao contrário do regime de pirâmide brasileiro, cria poupança no país, afinal, o dinheiro das contribuições, de fato, tem lastro. Alta taxa de poupança significa dinheiro disponível para investimentos, juros mais baixos e crescimento econômico.

(Texto de Priscila Chammas. Jornalista)

(Apurado com o auxílio luxuoso de Raphael Lima e André Borges Uliano)

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