A velha política, praga que assola a terra brasilis há mais de meio século, nasceu muito antes do surgimento do MDB em 24 de março de 1966.
O MDB surgiu dois anos depois do golpe de 64, em teoria para fazer oposição ao partido governista -Arena- e em reação ao regime militar.
Como único partido da chamada ‘oposição’, o MDB reuniu todos os partidos e correntes políticas contrários ao governo militar do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
Grupos comunistas e outros radicais se reuniram na clandestinidade, alguns adotando a luta armada aprendida em Cuba como estratégia, como foi o caso de Dilma Roussef, guerrilheira ligada à organização Revolucionária Marxista Política Operária.
Outros, para sobreviver, acabaram se misturando ao recém formado MDB, que acabou virando uma mistura de todos os que defendiam a política que havia levado o país à uma situação limite e crítica, gerando o golpe de março de 1964.
Esses grupos, unidos numa única legenda, tiveram figuras notáveis como líderes: Ulisses Guimarães, da ala dos 'autênticos’ a partir de 1971, ou Tancredo Neves, da ala dos 'moderados’, em 1974.
Nesse período o MDB abrigou candidatos e dirigentes de organizações clandestinas como o Partido Comunista Brasileiro e o Partido Comunista do Brasil.
Ulisses e Tancredo, putas velhas da política, jogavam o jogo.
O MDB foi a sombra e a eminência parda do poder até alcançá-lo finalmente em 1985 com Tancredo Neves eleito presidente. Tancredo morreu antes de tomar posse do cargo, em circunstâncias misteriosas e jamais esclarecidas.
Assim como, diga-se de passagem, Ulisses Guimarães e Castelo Branco.
Seu vice, que assumiu em seguida, era o corrupto coronel do Maranhão José Sarney.
Daí pra frente, já se sabe da história e da atuação danosa desse grupo e sua decadência, até chegar à prisão do quadrilheiro Temer.
Negociadores de porão, adeptos das velhas práticas do ‘toma lá dá cá’ e da corrupção que é sua genética, para eles conceitos como 'esquerda’ ou 'direita’ não tem significado algum.
São só enfeites de um bolo mofado que vendem ao povo.
O que lhes interessa, como sempre interessou, é o poder.
E a grana, que leva a ele.
Quando lembro do discurso corajoso de Mano Brown, afirmando que não poderia acreditar que todos os que conhecia de direita eram simplesmente monstros, penso também que o inverso é verdadeiro.
O que essa corja atrasada fez - durante mais de meio século - foi justamente dividir o Brasil e usar a tudo e todos para manter e satisfazer seus privilégios.
São eles os verdadeiros inimigos do Brasil.
Enquanto nós, irmãos e brasileiros brigamos, eles enriquecem.
Mais importante que comemorar ou não, nestes dias, o golpe de 64 ou atacá-lo, é preciso compreender que houve erros de ambos os lados.
E que somos todos brasileiros.
Marco Angeli Full
https://www.marcoangeli.com.br
Artista plástico, publicitário e diretor de criação.