A postura de Bolsonaro sobre a falta de "articulação" reclamada por Rodrigo Maia foi uma bela jogada.
Ao deixar claro que é do Legislativo a responsabilidade de aprovar ou não a reforma, ele mantém seu compromisso de não ceder à velha política e mostra que respeita a separação de poderes, derrubando a narrativa de que seria um presidente antidemocrático.
De lambuja, ele coloca Maia numa situação difícil, já que o deputado foi apontado na mídia como o grande e experiente articulador que faria a reforma da previdência passar na Câmara.
Isso permite observar o apoio inicial a Maia como parte de uma estratégia: conhecendo bem a corja, Bolsonaro preferiu poupar um aliado de se queimar nessa situação e jogou na fogueira uma cobra da velha política para ver se ela voa, rasteja ou se morre politicamente.
Há quem prefira (como alguns especialistas) responsabilizar o presidente por uma possível não aprovação da reforma, como se o certo fosse comprar os votos "pelo bem geral da Nação".
Uma reforma da Previdência é essencial, mas não menos que uma reforma da moral na política. E agora, com os deputados isolados, fica mais fácil observar onde está o problema e cuidar para que seus apadrinhados (ou eles próprios) não se elejam como prefeitos e vereadores no ano que vem.
Confira no vídeo o comentário.