Terrorista da Nova Zelândia era revolucionário, odiava o conservadorismo e o capitalismo
Terrorista agradeceu a Deus pelo "conservadorismo estar morto".
15/03/2019 às 15:58 Ler na área do assinanteApesar de diversos veículos da mídia corporativa tradicional já classificarem o terrorista Brenton Tarrant como um extremista de direita, a verdade é que a ideologia deturpada de Tarrant flutuava entre os extremos do espectro político. O manifesto do assassino é um poço de contradições desde a capa até sua última página, ora soando como um socialista de esquerda, ora como um conservador reacionário.
Apesar disso, o criminoso dedicou uma página inteira do manifesto às críticas aos conservadores. Nesse mesmo trecho, Tarrant deixa claro desprezar o conservadorismo porque os conservadores “nem mesmo acreditam em raça“ e, segundo ele, apenas se preocupam com os lucros corporativos.
“O que tem sido conservador?
[...] Identidade étnica? Destruída em nome da mão de obra barata, enquanto publicamente [os conservadores] se opõem à imigração ilegal, em privado eles encorajam o máximo de imigração possível, qualquer coisa para diminuir os custos de mão de obra de produção e encher seus bolsos com os lucros. Eles removeram as autonomia e soberania dos povos Europeus por seu desejo de poder e riqueza.”
[...] A Raça? Eles [os conservadores] nem mesmo acreditam em raça, ele nem mesmo conseguem dizer que a raça existe. E acima de tudo, eles nem mesmo se importam se ela existe. É o lucro e o apenas o lucro o que os move, todo o resto é secundário. A noção de um futuro ou destino racial é tão estranha a eles quanto a responsabilidade social.
Nada foi conservado além dos lucros corporativos e riqueza crescente do 1% que explora o povo em seu próprio benefício.
O conservadorismo está morto, graças a Deus. Agora vamos enterrá-lo e seguir em frente para algo de valor.
O CONSERVADORISMO ESTÁ MORTO, GRAÇAS A DEUS”
Em um trecho de perguntas e respostas deixadas pelo assassino ainda consta o seguinte:
Você era/é conservador?
Não. Conservadorismo é corporativismo disfarçado. Eu não quero ser parte disso.
As críticas ao capitalismo continuam e remontam à críticas feitas por Karl Marx em O Capital. No livro, Marx explica como a globalização dos mercados e a troca de bens e trabalhadores entre as nações destruiria as identidades étnicas/nacionais. A semelhança com texto de Tarrant é estarrecedora, sendo que o capítulo do seu manifesto foi intitulado “Mercados Capitalistas Globalizados são Inimigos dos autonomistas raciais”.
“Se for para chegarmos a um futuro Europeu etnocêntrico, o livre comércio global e as trocas de bens devem ser desencorajados a qualquer custo.“
Tarrant deixa seu espírito revolucionário transparecer na linguagem, falando em uma Nova Zona Europeia, um Novo Mundo Ocidental construído a partir de seus delírios ideológicos:
“Barrar a importação de todos os bens produzidos fora da Nova Zona Europeia (o Novo Mundo Ocidental) é um pilar essencial da futura economia Ocidental.”
Concluindo, não é possível simplesmente julgar todo um espectro político pelas ideias apresentadas no manifesto do lunático Tarrant. A única coisa que se pode concluir é que Tarrant transitava entre os extremos dos espectros políticos, ora se identificando como um ambientalista radical e anticapitalista de esquerda e mesmo se dizendo socialista em alguns pontos, ora se identificando com vertentes fundamentalistas religiosas e moralistas tradicionalmente ligadas à direita.
Portanto, é preciso tomar cuidado com o veneno destilado por ambos os lados que tentam usar mais uma tragédia como ferramenta de autoafirmação moral.