A lei de cotas, feita por “justiceiros sociais”, criou os “candidatos laranjas”
03/03/2019 às 10:32 Ler na área do assinanteO que todo mundo aqui já sabia agora ficou escancarado. Não se impõe igualdade por decreto.
Política é um assunto que parece não interessar muito à maior parte das mulheres, o que se prova pelo desespero dos partidos "caçando" possíveis candidatas para preencher a cota de 30%, imposta por lei, de candidatas do sexo feminino.
Nas eleições de 2016 sobraram candidaturas de papel, de candidatas cujas prestações de contas estavam zeradas porque não fizeram qualquer campanha, e que se inscreveram apenas para que seus respectivos partidos pudessem preencher a cota.
Se você é procurado por 100 candidatos homens dispostos a concorrer, mas por apenas 15 mulheres, ou você descarta 50 candidatos possivelmente competitivos, ou arruma 15 donas de casa que não sabem sequer quem é o prefeito pra fazer o número imposto por quem acha que a Dona Maria só assiste a novela das nove porque o marido machista dela a proíbe de assistir a TV Senado.
A partir das eleições de 2018, contudo, o TSE determinou que os partidos deveriam não só ter 30% das chapas compostas por mulheres, mas também deveriam GASTAR 30% da cota do fundo partidário com mulheres.]
O esquema das candidaturas laranjas, assim, era não só previsível, como inevitável. Foi a lei feita por justiceiros sociais que criou a corrupção.
Veja-se que mulheres são 53% do eleitorado, e poderiam facilmente eleger igual percentual de representantes no legislativo. Na verdade, se a narrativa imposta pela esquerda de que há um "sentimento de classe" também entre minorias (mulheres, negros, gays etc) fosse verdadeira, não haveria o menor sentido em acreditar que os partidos impõem barreiras artificiais a participação desses grupos, já que o objetivo de qualquer partido político é o poder, e para isso é imprescindível apresentar candidatos que atraiam o voto do eleitor nas urnas. Seria uma tremenda burrice formar listas em que a maioria dos candidatos é homem e branco, se 53% do eleitorado é mulher e 51% é negro, e se o eleitor só vota em quem se parece com ele.
Acontece que só na Terra do Nunca do progressismo homens preferem votar em homens e mulheres preferem votar em mulheres, ou brancos preferem votar em brancos e negros em negros. Na vida real, os eleitores sabem que podem ser bem representados por políticos de outro sexo, de outra etnia ou de outra preferência sexual, como sabem também que podem ser enganados por políticos que se parecem muito com eles no espelho. E admitir que mulheres talvez possam não se interessar por política na exata mesma medida que homens é uma explicação muito mais sensata (e corroborada pela experiência) do que a teoria de que há um complô organizado de "stupid white men" contra TODO o resto da sociedade.
Rafael Rosset
Advogado