Paulo Siufi, o 'médico' fanfarrão: um sério problema de DNA
20/10/2015 às 06:31 Ler na área do assinanteNo final dos anos 80, toda a comunidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, iria votar na escolha de quem seria o novo magnífico reitor da instituição.
O cargo gerava muita cobiça, pois o orçamento da UFMS era um dos maiores do estado.
Uma lista tríplice seria formulada e o resultado encaminhado para escolha do Presidente da República.
Inúmeros professores se candidataram e justamente aquele que detinha o maior apoio político, acabou encabeçando a lista encaminhada para apreciação do chefe da nação: o dentista Nasri Siufi. Assim, sua escolha era tida como certa.
Compunha também a tal lista, o engenheiro civil Fauze Scaff Gattas Filho, terceiro colocado na disputa eleitoral, inteligentíssimo e grande estrategista.
Siufi, espertalhão, com o resultado do pleito eleitoral na mão, assistido por inúmeros políticos que tinham interesse no fabuloso orçamento da Universidade Federal, entre os quais o cunhado, deputado Nelson Trad, rumou para Brasília, com o objetivo de garantir sua nomeação.
Nasri Siufi realizou inúmeros contatos políticos, que culminaram com a obtenção da absoluta garantia do ministro da educação de que seria nomeado. Estava sacramentado. Nasri Siufi seria o novo reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O ato de nomeação estava pronto.
O então futuro reitor voltou para Campo Grande e convocou toda a imprensa para comunicar a “boa nova”.
Já falando na condição de reitor, deu entrevistas para todos os jornais, foi ao “Bom Dia MS”, da Rede Globo, comemorou, fez planos e fez festa, muita festa...
Enquanto Nasri comemorava e dava entrevistas, Fauze, o terceiro colocado, chegava a Brasília para utilizar uma carta que tinha na manga: um enorme dossiê de corrupção contra Siufi. Tudo bem detalhado, gigantescas barbaridades da gestão de Siufi na presidência da FAPEC (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), uma fundação vinculada à Universidade Federal.
Fauze foi eficientíssimo, demonstrou que Nasri não tinha condições morais de exercer o cargo de reitor e conseguiu reverter um quadro que já estava definido.
Assim, Nasri foi o protagonista de uma situação hilariante na história de MS e de nossa Universidade Federal. Perdeu o cargo que “oficialmente” não chegou a ter, ficou desmoralizado e virou motivo de chacota. Fauze foi nomeado.
Nessa época, o filho de Nasri, Paulo Siufi Neto, estava concluindo o curso de Medicina na UFMS. O jovem estudante sofreu muito, pois toda a comunidade universitária tomou conhecimento de que a rejeição ao nome do pai se dera por seu suposto envolvimento na prática de corrupção. Foi realmente vexatório, constrangedor, deprimente.
O tempo passou, e o jovem médico, que virou pediatra, passou a tocar sua vida.
Em 2004, resolveu estrear na vida pública, concorrendo a uma vaga na Câmara Municipal de Campo Grande. Nesse mesmo pleito, o primo, Nelsinho Trad, elegeu-se prefeito.
Paulo cumpriu um apagado primeiro mandato, mas foi reeleito em 2008.
Com apoio do primo, também reeleito prefeito, conseguiu chegar à presidência do Legislativo municipal.
A família a frente dos poderes legislativo e executivo municipais, contando ainda com a parceria do governador, propiciou mais quatro anos de desmandos em Campo Grande.
Hoje, os escândalos começam a se tornar públicos e a sociedade, aos poucos, vai tomando conhecimento do mal que pessoas como Nelsinho, Paulo Siufi, Adalberto Siufi, Betina Siufi, André Puccineli, Beatriz Dobashi e Edson Giroto, entre outros, causaram a Capital de MS.
Além das sérias acusações de corrupção, também pode pesar sobre o grupo em questão, a culpa pelas mortes havidas em função da precariedade no atendimento ao câncer em Mato Grosso do Sul, em razão das mazelas praticadas pelos gestores.
Gravações realizadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, flagraram a então secretária de saúde, a médica Beatriz Figueiredo Dobashi, numa conversa com o diretor do Hospital Regional de MS, o médico Ronaldo Queiróz, onde a dupla arquitetava uma estratégia para beneficiar empresas, em detrimento dos hospitais públicos de Mato Grosso do Sul, dificultando a doação de aparelhos que seriam utilizados no combate ao câncer. As empresas beneficiadas com as falcatruas pertencem a família Siufi.
Um horror, um absurdo, total desrespeito às pessoas e a sociedade de Campo Grande e do Mato Grosso do Sul.
Eis que agora, Paulo Siufi, após comandar ao lado de Mario Cesar, Flávio Cesar, Edil Albuquerque e Airton Saraiva, o golpe da cassação do prefeito de Campo Grande, começa a ser completamente desmascarado.
Paulo Siufi está na lista dos médicos acusados pelo Ministério Público Estadual (MPE) de receber sem cumprir a devida carga horária pela qual foi contratado para atuar na rede pública de saúde de Campo Grande.
A ação pede o ressarcimento de R$ 1 milhão aos cofres públicos e tem como base o período entre 2009 e 2013.
Ou seja, Siufi, enquanto vereador, articulava golpe contra a população e, enquanto médico, gazeteava plantões e ganhava sem trabalhar.
Sem dúvida, uma figura nociva à sociedade que precisa ser punido de maneira exemplar.
José Tolentino
Editor do Jornal da Cidade Online
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José Tolentino
Jornalista. Editor do Jornal da Cidade Online.