A pauta oculta da Rede Globo (Veja o Vídeo)

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O jornalista Rodrigo Constantino escreveu uma belíssima coluna, que li neste final de semana, abordando a atual relação crítica de desgaste da grande mídia brasileira com o público em geral.

Sugere o brilhante articulista, que há um patrulhamento reverso, estimulado pelos governantes, em especial pelo governo Bolsonaro, tentando insuflar o povo para intimidar as editorias dos grande veículos de comunicação.

Pode até ser verdade que governos queiram manter-se populares e inatacáveis por rejeição ou reprovação popular. Não resta dúvida, também, que nos sistemas republicanos, a boa imprensa tem não só o direito, mas o dever de trazer tudo a limpo. Mas esse é o cenário que estamos vendo no Brasil?

Vejamos. Sob o conceito clássico "pauta jornalistica" pode ser entendido como sendo o "conjunto de assuntos que compõem uma edição de jornal" (entenda-se aqui, "jornal" em sentido amplo, ou seja: impresso, televisado, radiofônico ou digital). A pauta jornalística, portanto, pode ser dirigida, direcionada, estimulada, conter ou não conter viés ideológico. A mídia tem todo o direito de dizer e dirigir a sua pauta. Afinal, vivemos num país com liberdade de imprensa. Mas o leitor, também é livre para criticar a mídia, e rejeitar matérias tendenciosas produzidas por veículos sem isenção, quando suas editorias estão claramente pautadas por interesses ocultos.

É essa a denúncia que está posta contra grandes veículos de comunicação no Brasil. Notadamente todos os da Rede Globo, Folha de São Paulo, Veja, para ficarmos somente com alguns.

E que interesses ocultos são esses?

São vários. Um deles é o viés ideológico de esquerda que domina as redações. Outro deles é a relação nada saudável até então existente entre Estado e empresas de comunicação, através da liberação de polpudas e pródigas verbas publicitárias. Mas a mais nociva destas pautas ocultas é a proteção velada de pouquíssimos, mas muito poderosos conglomerados econômicos que atuam e operam no sistema financeiro nacional. Esses grupos exploram o maior monopólio de rentistas do globo terrestre.

É simples de entender. O Brasil possui a maior taxa de juros do planeta. Essas taxas atraem e remuneram especuladores. Quanto mais a economia vai mal, mais caro é o dinheiro. E quanto mais caro é o dinheiro, maior é o resultado de quem vive de aplicações financeiras.

No meio disso quem está? Os bancos faturando alto com o chamado "spread" bancário. No final do ano, são bilhões de reais de lucros, para uma casta diminuta de favorecidos. Uma transferência de renda brutal e absurda.

Interessa para essa gente, que o cenário mude? Claro que não. Quanto pior, melhor! Alimentam a imprensa, que alimenta a crise. Parceria pura!

Crise gera insegurança econômica, que trava a economia e afasta o ingresso de novos "players" desse jogo de cartas marcadas e mantém a dependência dos tomadores de recursos em benefício dos rentistas. Ou seja: quem está dentro não sai e quem está fora não entra! Concorrência? Nix! Só que, no tempo da comunicação na velocidade do pensamento, a grande mídia perdeu o monopólio da informação. E a pauta ao invés de ser uma flecha, virou um alvo. Alvo, também, com sentido de clareza, transparência, limpidez.

E o que boiou nisso não foi o significado jornalístico de "pauta", mas o contexto real do seu uso como substantivo, revelando o que há de oculto entre os sócios da manutenção de um Brasil frágil.

Ou seja, a existência de "contratos, pactos e ajustes entre duas ou mais pessoas" com o objetivo de se beneficiarem reciprocamente mantendo um "status quo" que finge defender, mas que na verdade sacrifica e afoga os mais elementares fundamentos do liberalismo econômico.

Ouçam o meu "podcast" sobre o assunto:

Foto de Luiz Carlos Nemetz

Luiz Carlos Nemetz

Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz

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