Renan e o segredo guardado que envolve Dias Toffoli

05/02/2019 às 12:11 Ler na área do assinante

Faz parte da sabedoria sempre respeitar adversários e inimigos. Mas não há qualquer razão para ter medo de Renan Calheiros. É um psicopata - em grau leve ou médio - no momento em surto de hidrofobia. Não sente empatia, não considera o Outro e tem obsessão pelos interesses pessoais. Cultiva o estilo ameaçador para perseguir seus objetivos. Abusa do terrorismo e da chantagem, sobretudo do blefe. Deve ter estudado as estratégias de Átila, o Huno.

Suas principais armas são as informações que ele tem sobre os esquemas de corrupção dos seus pares. Desde a Era FHC, mas sobretudo com Lula e Dilma, ele vem montando operações ilícitas no governo em parceria com outros parlamentares. Desses, nada pode denunciar pois seria confissão de crime. Também ajudou muitos colegas pagando suas dívidas ou lhes arrumando negócios. São esses que ele tem na mão e faz chantagem.

Outra arma são as informações pessoais, as pequenas diatribes, a zona cinzenta, os momentos de fraqueza de seus pares, sobretudo as sexuais - como o twitte baixaria de domingo (3) sobre uma suposta relação do ex-senador Ramez Tebet com uma jornalista, que ele usou para atingir a adversária Simone Tebet, filha de Ramez. O que será que ele saberia a respeito de Dias Toffoli? E quanto aos ministros do Supremo que há anos mantém seus 11 processos na gaveta, digo, oito, pois três deles suas excelências já conseguiram prescrever.

Ao lançar sua candidatura à Presidência do Senado, Renan fez uso de estratégia similar à do PT quando lançou a candidatura de Lula ano passado, ou seja, o blefe, se-colar-colou.

Ele nunca teve a força que anunciava. Mas assustou os articuladores políticos do governo, sobretudo quando espalhou o boato que teria o apoio de Paulo Guedes e que teria feito acordo com Flávio Bolsonaro. Poderia ter levado sob a onda do terror, mas perdeu. Não colou.

Ora, ora, não há nada a temer, apenas a respeitar. Renan é hoje um adversário articulado, como muitos outros. No PMDB, são seis os senadores que o acompanharam na votação contra Simone Tebet. Essa é a bancada que ele tem de fato na mão para fazer oposição: sete, incluindo ele.

Deve-se juntar a eles os senadores do PT, homens articulados como Flávio Arns e Humberto Costa, ambos raposas experientes, e de outras legendas como o PDT, onde ora se abriga a Katia Abreu. Cid Gomes deve ser um opositor mais forte e articulado do que Renan, pois seu projeto é ajudar o irmão Ciro Gomes a se consolidar como a principal liderança de oposição do país.

O governo tem a caneta da liberação das verbas. Se for inteligente, controla Cid, Renan e outros muito fácil. Lembrando que Renan precisa muito do dinheiro do governo para seu filho, governador de Alagoas, e Cid idem para seu afilhado Camilo, governador do Ceará.

No caso da bancada pessoal de Renan, controla-se com a Lava Jato. No caso específico de Renan, o melhor que o governo tem a fazer é cumprir a promessa de campanha e usar a Lava Jato para fazer um arrastão em seus operadores que ainda estão soltos, cortando, assim, as fontes de receita. Melhor ainda, como medida profilática e pedagógica junto ao Congresso, o governo deveria abrir imediatamente um processo de cassação do ilustre senador de Murici, Alagoas.

E vamos parar de mimimi com essas especulações vulgares do tipo: "Ahh, o Renan pode ser pior para o governo na oposição do que seria na Presidência do Senado". Não, o Renan é melhor para o povo brasileiro e a nação brasileira dentro da Papuda.

(Texto do jornalista Hugo Studart)

Publicado originalmente no perfil do autor nas redes sociais.

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