Aplicativos de transporte: o excesso de ausência das empresas
27/01/2019 às 14:14 Ler na área do assinanteA mobilidade urbana por aplicativos hoje é uma realidade no Brasil, e já consolidada. No entanto, está muito aquém do patamar que poderia estar, pela ausência de comunicação entre os gestores dos aplicativos e os prestadores que estão na ponta do serviço, que são os motoristas.
Como decorrência dessa precária comunicação ou total ausência dela, observamos falhas e lacunas no processo, e que causam inseguranças tanto nos usuários quanto nos motoristas. Não estamos falando de um serviço banal, e sim de um serviço que surgiu com a proposta de reformular a mobilidade urbana, e de trazer propostas diferentes dos tradicionais táxis. E um serviço que movimenta milhões de reais mensalmente.
Daí a necessidade de os gestores compreenderem que não se trata de uma administração baseada simplesmente em teorias acadêmicas, mas na absorção de aprendizado de quem entrega o produto final. As ruas ensinam mais que as escrivaninhas.
O que vemos hoje nos aplicativos é uma situação que beira chega a ser bizarra: Muitos dos carros caindo aos pedaços e muitos dos motoristas incapacitados para o transporte de passageiros.
Por outro lado, a remuneração é tão baixa que inviabiliza a colocação de carros melhores e cujos custos de manutenção/consumo são elevados.
As plataformas não distinguem áreas perigosas. Para quem está no conforto do ar condicionado de uma sala comercial, as grandes cidades são como mundos de Alice. Quem está nas ruas é que sabe que a realidade é completamente diferente, e os enormes riscos que isso significa. Os motoristas, hoje, estão muito mais vulneráveis do que se pode supor. Quantos motoristas já foram mortos?
Se eu for discorrer sobre todos os problemas, o texto vai ficar longo em excesso.
O importante é frisar que milhões de pessoas abandonaram os táxis, os ônibus e seus próprios carros e passaram a utilizar o serviço de transporte por aplicativos. Mas as empresas dão um tratamento pouco profissional para essa atividade, e uma delas, que não vou citar o nome, tornou-se tão predadora que agora parece estar engolindo o próprio rabo. Está experimentando uma enorme evasão de motoristas e uma rejeição crescente por parte dos passageiros.
Que tenha uma boa indigestão.
Marcelo Rates Quaranta
Articulista