A atração fatal pelo erro
Ou por outra: Dilma tem o hábito de atravessar a rua para pisar na casca de banana
08/10/2015 às 17:07 Ler na área do assinanteO senador José Serra (PSDB/SP), teria dito a um interlocutor que “a presidente Dilma tem atração fatal pelo erro”. O jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, não perde a oportunidade de usar a sua frase pronta: a de que “a presidente faz questão de atravessar a rua para pisar na casca de banana”.
Pois bem, deixando de lado as cores partidárias e ideológicas podemos confirmar através das decisões da presidente, na prática, que, as frases de efeito têm lá certo sentido e assumem feições de axiomas inexoráveis; as consequências e os efeitos desastrosos decorrentes das manobras políticas da presidência por serem tão evidentes nem sequer precisam ser demonstrados para constatar que são proposições verdadeiras. Há uma falta de jeito e de gênio.
Nesta quarta-feira (07), o governo teve de engolir derrota após derrota, apesar de toda a preparação antecipada de seu time para enfrentar o que, já se sabia, vinha pela frente. As derrotas: 1. As duas tentativas do Congresso Nacional para reunir o quórum necessário para votar os vetos presidenciais, restaram frustradas; 2. Ante a possibilidade de ver suas contas relativas ao ano/exercício 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, o governo tentou junto ao próprio TCU, o afastamento do Ministro-relator, Augusto Nardes sob o argumento da exceção de suspeição posto que, ele teria adiantado para a mídia a sua disposição de rejeitar as contas. O tribunal rejeitou o pedido, e; 3. O governo, então, recorreu ao Supremo Tribunal Federal requerendo a suspensão da sessão do TCU. O pedido liminar foi distribuído para o Ministro Luiz Fux que, de plano, o indeferiu por não vislumbrar qualquer fato jurídico relevante que justificasse o petitório cautelar.
Desde que assumiu o seu segundo mandato, Dilma não para de sofrer reveses. A situação chegou a tal ponto que, Lula veio intrometer-se na desarrumação da casa e assumiu para si a reorganização da velha prática – que, a bem da verdade, não é exclusiva do Partido dos Trabalhadores – promovendo um descarado “toma lá, dá cá!”, que fez os petistas, naquele momento, reviverem a vida boa sob a batuta da velha raposa. Seu instinto... falhou!
Aquilo a que se chamou de reforma ministerial não passou um conchavo desarticulado e o tiro saiu pela culatra. Antecipando-se a cúpula peemedebista, o deputado federal Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, se apresentou como o articulador certo para angariar na bancada da Câmara Federal os votos necessários para reforçar a base de apoio do governo, a quem Dilma, juntamente com Lula, acolheu em seus braços. Não foi desta vez. Quem sabe, na decisão de instalação da Comissão Especial que deverá decidir se abre ou não o processo de impeachment da presidente; se é que chegaremos lá.
O fato é que, as escolhas erradas da turma de Lula acabaram por provocar uma considerável fratura no PMDB. O partido do vice-presidente há muito vem apresentando rachaduras, mais especialmente, na Câmara Federal – ainda que também no Senado –, mas, em menor intensidade. E, por mais incrível que pareça, quem pode inflar os pulmões do governo na undécima hora pode vir a ser, ora vejam!, Eduardo Cunha.
Sob a mira da Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara sabe que terá de enfrentar a justiça de um modo ou de outro, mas, nesse momento, Cunha – o Jesus traído de Picciani – é aquele que tem a força para fazer desmoronar todo o imbróglio em que Dilma se meteu, inclusive, exorcizar o fantasma do impedimento.
Logo após encerrar a sessão legislativa desta quarta-feira (07), Cunha reuniu-se com Edinho Silva, Ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a pedido deste, segundo consta. Dá para imaginar o que foram intrigar os dois suspeitos de cometimento de supostos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, desvios de recursos públicos, tráfico de influência, corrupção e, sabe-se lá quantas mais outras excrecências.
É bem verdade que ainda pesa sobre Dilma e Temer o juízo do Tribunal Superior Eleitoral. Mas, com os Ministros Dias Toffolli e Luciana Lóssio – ambos ex-advogados petistas –, remanesce uma esperança de salvação à beira do sétimo inferno onde Centauros aguarda impacientemente essa turma. Nem por isso, porém, faltam adversários prontos a plantar os pés nos traseiros desses candidatos dantescos precipitando a descida.
JM Almeida
JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.