Renan Calheiros "rides again", o cangaceiro alagoano...
16/01/2019 às 06:40 Ler na área do assinanteRenan Calheiros é e sempre foi um fora da lei. Houvesse Justiça justa e célere neste país, sem Foro Privilegiado - este biombo protetor de criminosos de colarinho branco - e fosse o STF uma corte de justiça respeitável, eficiente e eficaz no combate à corrupção - está a anos-luz disso – e Renan já estaria, há muito tempo, na cadeia.
Eis um relato muito breve sobre este indivíduo farsante e inescrupuloso que, segundo a expressão de Augusto Nunes, não possui currículo, possui prontuário.
É alvo de nove inquéritos na Operação Lava-Jato. Ao todo são 14 procedimentos criminais por atos de corrupção e lavagem de dinheiro. Em dezembro de 2007, renunciou à presidência do Senado para fugir da cassação certa. Ele havia sido acusado de receber dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, seu amigo íntimo e ligado à construtora Mendes Júnior, para pagar o aluguel de um apartamento para sua ex-amante Mônica Veloso e a pensão alimentícia de sua filha de três anos, fruto do seu relacionamento com aquela mulher. Mas não foi apenas este fato que o levou à sua renúncia. Ele fora também acusado de comprar um grupo de comunicação através de laranjas.
Mais três denúncias pesavam sobre o cangaceiro alagoano:
1. Ter recebido verbas desviadas de ministérios aparelhados por seu partido, o PMDB;
2. Espionagem sobre a vida de senadores, obviamente para compor dossiês e melhor chantageá-los;
3. Usar o cargo de presidente do Senado para praticar crimes como tráfico de influência, intermediação de interesses privados, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha ao ter repassado R$ 280.000, 00 a uma empresa fantasma.
Foi sob o peso de tais acusações que Renan renunciou à presidência do Senado, para evitar ser cassado. Mas, em estando no Brasil e, principalmente, no Senado, nada impediu que Renan reassumisse a presidência daquela casa de tolerância, seis anos após a renúncia! A bancada nordestina, enorme para a pouca relevância econômica daquela parte do país, garantiu seu retorno à presidência.
Em 2018, Renan, do MDB, foi reeleito senador pelo notório estado de Alagoas - o estado que já ‘deu’ ao Brasil ‘presentes’ como Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Fernando Collor de Mello e ‘last but not least’, ele próprio: Renan Calheiros - do notório reduto do atraso petista do Brasil: o Nordeste.
Esperto e sem escrúpulos, desta vez buscou e conseguiu o apoio, para sua campanha, do Presidiário de Curitiba, Lula, e manteve-se colado ao poste, Fernando Haddad. Até uma carta de apoio à sua campanha para o Senado conseguiu do ‘Princeps Corruptorum’. Portanto, quando se pensa em Renan Calheiros na legislatura que se inicia em primeiro de fevereiro, pense-se – até por uma questão de justiça – em Lula, o seu patrono eleitoral.
Na campanha, Renan jurou por todos os juros que não voltaria, se reeleito, a ser presidente do Senado. Uma mentira, mais uma mentira deste velho cangaceiro político. Uma vez eleito, começou a movimentar-se para voltar a ocupar a presidência do Senado.
Renan é um dos adversários mais sorrateiros e perigosos da Lava-Jato. Sua luta contra a Operação Lava-Jato virou caso de autopreservação, de auto sobrevivência, dado as inúmeras acusações que carrega e das quais procura livrar-se. Tudo fez, enquanto esteve na presidência do Senado, para minar a ação saneadora daquela Operação. E tudo fará para minar o ímpeto reformista de Moro para fortalecer a Lava-Jato e o combate à corrupção.
Combater a corrupção significa, neste momento, combater Renan Calheiros e associados. Votar em Calheiros para a presidência do Senado é votar em seu padrinho político Lula, é votar na bancada do atraso, é colocar uma pedra no caminho de Moro e da higienização moral do Brasil.
É claro que a bancada nordestina do Senado é enorme, como já se falou aqui, mas uma mãozinha de Toffoli pode dar - como já deu - à eleição de Renan à presidência do Senado um impulso e uma possibilidade mais real. Basta introduzir no processo mais um ingrediente imoral: a eleição secreta para a presidência do Senado.
Como o nome Renan Calheiros é muito associado a corrupção, pronunciá-lo em votação aberta é bastante constrangedor, mesmo para senador encrencado na Lava-Jato. E aí vem a mãozinha safada de Toffoli a caçar a liminar de Marco Aurélio que impunha voto aberto.
É a gloria inicial da campanha de Renan. Em votação secreta a eleição de Renan cresce muito em possibilidade. Toffoli, feito ‘juiz’ no gabinete de Lula e Renan eleito nas costas de Lula, fazem a dobradinha preferencial da malandragem contra a Lava-Jato no Brasil.
O próprio coordenador da Força Tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba, Deltan Dallagnol já se manifestou pelas redes sociais:
“Decisão de Toffoli favorece Renan, o que dificulta a aprovação de leis contra a corrupção, pois a presidência do Senado decide pauta (o que e quando será votado). Diferentemente de juízes em tribunais, senadores são eleitos e têm dever de prestar contas. Sociedade tem direito de saber”.
Verdade. A sociedade tem o direito de saber como votam os senadores que ela elegeu. A decisão de Toffoli, centrada na forma (assunto interno do Senado) é escapista e fere um direito básico do cidadão, que é o de saber como votam os seus eleitos. O formalismo jurídico é, não raro, uma forma elegante, mas safada, de fugir às responsabilidades e encarar a questão de frente. Toffoli é useiro e vezeiro desta forma escapista.
Barrar a pretensão de Renan Calheiros é uma questão de honra da cidadania esclarecida. É barrar a ação pró-corrupção da dobradinha Toffoli-Calheiros. Por isso encareço a todos os cidadãos responsáveis a que assinem uma petição, que circula na internet, contra o voto secreto para a eleição do presidente do Senado.
Renan Calheiros é como um vampiro: só sobrevive politicamente nas trevas. À luz do sol, isto é, em eleição aberta, a candidatura ao Senado do Drácula de Alagoas vira pó, como aconteceu com o Drácula de Bram Stoker.
Eis um link para assinar à petição por voto aberto no Senado, à luz do sol, à prova de vampiros políticos, como Renan Calheiros:
José J. de Espíndola
Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.