NOTA INTRODUTÓRIA: Este artigo foi publicado nas listas de discussão da UFSC em 15/07/2017 e celebrava a sentença em primeira instância do então Juiz Sérgio Moro, condenando Lula ao cárcere. Com a ascensão de Moro ao Ministério da Justiça, considerei republicá-lo em homenagem ao governo que reconheceu a importância histórica daquele magistrado (de resto tão atacado pelo Trio Assombroso do STF: Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski) colocando-o em melhor posição de passar o Brasil a limpo, sonho da nacionalidade decente.
Celebremos Têmis, deusa da Justiça e mãe generosa de três outras deusas que a civilização ocidental tanto preza: Equidade, Lei e Paz.
Não há Justiça ou civilização que não venerem essas deusas. Sem Lei, Equidade e Paz não há democracia possível. A Lei atinge a todos e a Equidade pune os poderosos que pensam estar acima da Lei. Foram a Lei e a Equidade, agindo em nome da Paz, que condenaram Lula a nove anos e meio, no primeiro dos vários processos a que responde na Justiça. Lula e seus associados, que transformaram o Brasil numa imensa caverna de Ali Babá, não têm lugar entre os cidadãos livres de bem, que prezam a honra, a decência, a moralidade, a lisura no trato da coisa pública. Não têm lugar entre cidadãos que cultivam valores de dignidade.
Tudo em que Lula toca se corrompe. O Brasil, já disse, foi transformado por Lula numa imensa caverna de Ali Babá.
O avião presidencial (Aerolula) foi transformado num redez-vous alado, para suas viagens com Rose, sua ‘assessora’ no Escritório da Presidência da República em São Paulo. O Instituto Lula, em São Paulo, é uma central de desinformação política e de incitamento à baderna.
Mas Têmis tem sido severa em todo o mundo, não apenas no Brasil.
Na Coreia do Sul, a presidente Park Geun-hye sofreu impeachment em 10 de julho deste ano e foi presa, preventivamente, no dia 30, “por haver risco de destruição de evidências”. Seu crime? Tráfico de influência. Perto de Lula e Temer, em termos de tráfico de influência, Park Geun-hye é uma santa.
Em Israel, o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert começou a cumprir, nesta segunda-feira, 15 de julho, uma pena de cerca de 19 meses de prisão. Olmert, de 70 anos, tornou-se o primeiro ex-chefe de governo israelense a ser preso. Seu crime? Corrupção e obstrução à justiça. Nada que lembre, de longe sequer, os mega-escândalos de corrupção do Mensalão e do Petrolão montados e presididos por Lula. Nada que lembre, de longe sequer, como obstrução da justiça, a “dança das cadeiras” na CCJ da Câmara, promovida por Temer ao custo de, por baixo, R$ 1,8 bilhão em liberações (propinas, for short) de dinheiro do contribuinte. Tudo para salvar sua pele suja.
No Peru, aqui do lado, o ex-presidente Ollanta Humala foi preso preventivamente (para evitar a destruição de provas) por ter recebido, a pedido do PT (quer dizer, de Lula) - segundo depoimento de Marcelo Odebrecht em Curitiba -, a modica (pelos padrões do Petrolão) quantia de US$ 3,0 milhões para sua campanha presidencial de 2011. Humala governou o país até 2016.
Em suma, Têmis tem agido forte e imperturbada no mundo. Mesmo no Peru. Mas não pode agir imperturbada no Brasil. A esquerdofrenia nacional - PT à frente - ameaça, depreda, chantageia, ofende o magistrado, jura colocar os exércitos de Stedile nas ruas, atiça a militância jurássica, tudo a tal ponto de levar o Juiz Sérgio Moro a confessar, na sentença, que existem razões para a prisão preventiva de Lula, mas não a decreta para evitar maior comoção nacional. Acho que só evitou uma maior comoção de apoio popular à sua sentença.
Lei, Equidade e Paz: essas deusas inspiraram Moro e ele exarou sentença exemplar, exceto no recuo da preventiva.
No nosso Olimpo acrescentemos mais um deus justo: Moro, também filho de Têmis, irmão de Equidade, de Lei e de Paz.
Celebremos a feitura da Justiça, embora ainda em primeira instância, embora ainda mantendo solto o Grande Corrupto. Roguemos que Têmis e suas filhas Lei, Equidade e Paz inspirem os magistrados do TRF4 e de demais tribunais superiores. A Justiça há de feita neste país. Lugar de corruptos é na cadeia! A diáspora dos nossos melhores e mais talentosos jovens - eles se recusam a viver num país que promove a corrupção e nega os valores da virtude, do trabalho e do talento - que buscam, envergonhados, em outros países, ares moralmente mais limpos para respirar, há de terminar. Nosso orgulho de sermos brasileiros há de ser recuperado da lata de lixo em que foi posto pelo estamento político deste país.
Celebremos a Justiça dizendo, como na sublime área de Handel que vos ofereço abaixo, magistralmente interpretada por Renée Fleming, Dank sei dir Herr, (Obrigado a ti, Senhor). Mas fazendo sempre a paráfrase: Obrigado a ti, Moro.
José J. de Espíndola
Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.