O envolvimento de “famosos” com políticos ao longo da história e o saldo negativo apresentado
05/01/2019 às 19:27 Ler na área do assinanteEssa conversa de Presidente da República e Ministros precisarem de apoio de "famosos" e "notórios" para se estabelecerem diante do Povo Brasileiro é uma bobagem sem o menor pé na realidade deste País. Senão, vejamos o que nos diz a recente História:
1990 - Ao deixar a Granja do Torto para tomar posse, chamou atenção quem ocupava o primeiro veículo da comitiva oficial de Fernando Collor de Mello: ninguém menos que a atriz Claudia Raia. Outras estrelas que pediram votos para Collor foram Marília Pêra, Tereza Rachel e a cantora Simone. Acabou em impeachment;
1993 - Dois meses após assumir definitivamente a Presidência da República, Itamar Franco tornou-se um cobiçado solteiro no Carnaval do Rio de Janeiro. Não por acaso, estampou todos os jornais e revistas ao ser fotografado, de baixo para cima, ao lado da modelo Lilian Ramos, que usava apenas uma camisa do Camarote da Brahma. "Apenas" mesmo! Não havia calcinha! A histórica capa da Revista Veja trouxe a frase "O X da questão", onde o X cobria o enorme "Enéas" de Lilian Ramos ao lado do Presidente e foi um vexame que quase derrubou Itamar;
1994 - O sociólogo Fernando Henrique Cardoso sempre teve fama de elitista e, de todos os Presidentes da República pós-redemocratização, foi quem menos recebeu apoio de "famosos" e "notórios", especialmente da classe artística, que em sua maioria sempre o tratou com desprezo. Dos raros apoios, teve Dominguinhos gravando seu jingle de campanha e a sempre presente namoradinha do Brasil Regina Duarte;
2003 - Já Luiz Inácio Lula da Silva sempre foi o queridinho dos "famosos" e "notórios". Vivia cercado deles! De Chico Buarque e Caetano Veloso, passando por atores como Paulo Betti e José de Abreu, chegando a astros internacionais como Danny Glover e Bonno Vox, Lula sempre esteve besuntado pelo crème de la crème das celebrities. Deu no que deu. Hoje está sozinho lá na carceragem em Curitiba, condenado a 12 anos de xilindró por corrupção passiva e lavagem de dinheiro apenas no primeiro dos seis processos onde é réu na Operação Lava Jato;
2010 - Pupila, Dilma Rousseff herdou de Lula o cordão de "famosos" e "notórios" puxassaquistas palacianos. Ficou boa parte do mandato cercada por eles, mas quando a casa do PT começou a cair, a economia desandar e o apoio popular se perder, a expressiva maioria fugiu e prefiriu fingir que nunca tinha votado no PT antes. Como Collor, terminou em impeachment;
Agora é a vez de Jair Messias Bolsonaro. Há quem se preocupe porque a ruivinha da novela das nove não gosta dele, ou porque aquele cantor maconheiro prefere o Andrade, ou ainda porque tem "famosos" e "notórios" tirando selfie de azul e rosa.
Eu vos digo: não se preocupem com isso!
Conquistar a popularidade com trabalho e eficiência. Essa deve ser a meta.
Helder Caldeira
Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.