O pânico no voo Latam LA 8084 e a iminência do caos nos aeroportos brasileiros
23/12/2018 às 06:51 Ler na área do assinanteVai ficando cada vez mais evidente que a Força Aérea Brasileira (FAB) e a ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil serão obrigadas a intervir com gravidade no caso do Voo LATAM LA 8084 São Paulo x Londres que se viu obrigado a realizar um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins na madrugada da última quinta-feira (20).
De acordo com as gravações obtidas pelo jornal O Globo e pela Rede Globo e os relatos dos passageiros, a tripulação da LATAM Airlines foi absolutamente competente e manteve a calma diante das circunstâncias.
Especialmente o comandante da aeronave, que além de tomar a decisão correta de desviar a rota para Belo Horizonte assim que detectou o problema e conseguir pousar o avião em segurança, manteve-se paciente diante da descoordenação e desconexão das informações prestadas pela torre de comando do Aeroporto de Confins.
Notem bem: do Aeroporto Internacional Tancredo Neves - Belo Horizonte - CNF decolam e pousam diariamente aeronaves de grande porte, seja para transporte de passageiros, seja para transporte de cargas. Como assim Confins não tinha um Macaco hidráulico capaz de erguer o Boeing 777-300 da LATAM Airlines para a troca de pneus se, neste mesmo aeroporto, aeronaves de mesmo porte trafegam todos os dias?
Quer dizer que a estatal Infraero permite que um aeroporto funcione despachando e recebendo aeronaves enormes para as quais não tem infraestrutura mínima de manutenção? Isso é assustador!
A propósito, no dia 06 de março de 2018, a ANAC aprovou a Emenda ao Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 154, flexibilizando as exigências técnicas para ampliar irresponsavelmente o número de aeroportos brasileiros aptos a receber pousos e decolagens das maiores aeronaves comerciais em operação no mundo: o Airbus A380 e o Boeing 747-8 Intercontinental.
Essa barbaridade foi proposta pela Organização da Aviação Civil Internacional em abril de 2017, visando ampliar a área de atuação das empresas aéreas. Até então, apenas três aeroportos brasileiros estavam autorizados a receber aeronaves tão grandes: o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro- Galeão, o Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos e o Aeroporto Internacional Afonso Pena - Curitiba.
Já sob a vigência da Emenda da ANAC reduzindo os requisitos técnicos, outros 12 aeroportos poderão ser autorizados a receber em suas pistas o A380 e o Boeing 747-8. São eles:
Aeroporto Internacional de Belém
Aeroporto Internacional de Brasília
Aeroporto Internacional de Cabo Frio
Aeroporto Internacional de Confins
Aeroporto Internacional de Manaus
Aeroporto Internacional de Fortaleza
Aeroporto Internacional de Viracopos/Campinas
Aeroporto Internacional de Porto Alegre
Aeroporto Internacional do Recife
Aeroporto Internacional de Natal-Parnamirim
Aeroporto Internacional de Salvador
E o Aeroporto de Petrolina
A quem interessar possa, segue a fonte da supramencionada informação oficial, disponível no site da ANAC:
Agora, uma pergunta final: se a torre de controle de Confins não conseguiu estabelecer um diálogo minimamente aceitável com o comandante do voo da LATAM em situação de emergência, que mais podemos esperar? Nem macaco-hidráulico para troca de pneus eles tinham!
Com sinceridade, talvez a área da Aviação Civil deva ser uma das primeiras a merecer especial atenção de Sua Excelência, o Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, a partir de 1º de janeiro de 2019. Antes que o pior aconteça e o caos se instale.
Sigamos em frente!
Helder Caldeira
Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.