Eleições sempre polarizam e dividem as pessoas entre dois campos: os que apoiam e os que são contrários. Os que apoiaram o desembargador Edmilson Jatahy Fonseca Júnior acabam de reconduzi-lo como juiz efetivo do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), na vaga destinada aos desembargadores.
Na disputa, que inicialmente parecia acirrada, Jatahy venceu com folga. No seu caso, tratava-se de reeleição, que ele imaginava ser consensual, pois atuou, com a elegância que o caracteriza, para o retorno dos colegas que atualmente labutam nessa Corte Eleitoral. Jatahy obteve 30 votos, enquanto seus concorrentes obtiveram, respectivamente, 23 e 7 votos.
Seguindo a tradição jurídica que começou com o seu pai (Edmilson Jatahy Fonseca, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e ex-vice-presidente do TRE), Jatahy assumirá a presidência dessa Corte em fevereiro de 2019. Se observarmos a sua trajetória, veremos que ele seguiu o caminho do pai, herdando todas as suas qualidades e o próprio nome, o mais utilizado em nossa terra ancestral para designar a continuidade de uma liderança.
Cauteloso, gestos contidos, expressão serena e com a eficiência glacial de um comando em plena guerra, Jatahy é um estrategista de primeira. É uma mistura de inteligência meticulosamente aprimorada com uma discrição exaustivamente treinada, combinando charme com equilíbrio e harmonia.
Nasceu para vencer. Sempre esteve presente - de corpo e alm a- em cada realização, pois conhece, como ninguém, a essência que o move e o faz viver cada dia, sabendo mensurar o tamanho do sucesso.
Nessa caminhada, nunca esteve sozinho, pois, além dos inúmeros amigos que soube conquistar ao longo da vida, tem o apoio irrestrito do seu irmão, o juiz federal e futuro desembargador Cesar Jatahy Fonseca. Essa dinastia promete, pois é definida patrilinearmente pela proeminência da atuação no mundo do direito, seguindo a trilha da magistratura.
Essa vitória nos lembra uma outra, quando foi escolhido por seus pares para integrar o Colegiado Eleitoral. Ao assumir o cargo, citou um poema de Fernando Pessoa, no qual o poeta se expressa dizendo que vale a pena “sonhar mais um sonho impossível”.
Segundo Pablo Neruda, os poetas têm, entre suas substâncias originais, a de serem feitos em grande parte de perseverança e esperança. Daí eles sonharem o sonho impossível, para torná-lo realidade pela fé inquebrantável dos grandes lutadores.
Os sonhos de Jatahy sempre se realizam. Pela fé e pelo pleno conhecimento de que os magistrados são pessoas encarregadas de resolver problemas, principalmente no Judiciário, ainda mais quando carregam consigo, com elegância e distinção, a magistratura por tradição.
O esforço pessoal e a experiência adquirida como magistrado foram as chaves para permitir a realização dos seus sonhos, entre os quais essa estupenda vitória, carregada da emoção do momento, pois teve de compreender e aceitar – com a paciência que o caracteriza -, os desejos por uma disputa que deveria não ter ocorrido.
Seu retrato, na galeria dos magistrados do TJ/BA, honra a instituição. Os que o conhecem sabem que sua atuação será pautada exclusivamente dentro do direito, sem qualquer outro sentimento senão o de fazer justiça.
Nas palavras de Nelson Hungria, “ao juiz é necessário, antes de tudo, o espírito da ponderação, o ritmo psíquico, o equilíbrio moral, numa palavra: bom senso”. E isso é o que não falta em Jatahy, sempre aplicando a autêntica justiça.
Luiz Holanda
Advogado e professor universitário