O Brasil se inseriu amplamente no sistema financeiro global. Levanta recursos internacionais para o financiamento de investimentos diretos no país, assim como recebe recursos especulativos que ajudam a fechar as contas externas. Aplica renda gerada no país no exterior. A sua nota de crédito junto às agências de "rating" é fundamental para a determinação das taxas de juros, assim como das condições dos financiamentos, afetando a vida econômica das empresas e pessoas.
O agronegócio brasileiro também está amplamente inserido na globalização, exportando a maior parte da sua produção. Tornou-se um dos principais supridores de alimento do mundo, e também importa produtos alimentícios cuja produção é insuficiente para o abastecimento da demanda interna, como o caso do trigo. Tem sido o principal gerador de divisas para o Brasil. Sempre foi, historicamente, voltado para fora.
Já a indústria brasileira é fraca e parcialmente globalizada e inserida nos novos modelos de organização produtiva industrial que foi estabelecida no mundo hà 70 anos. Mas só percebida, amplamente, hà 25 anos, como globalização.
A indústria brasileira foi desenvolvida para dentro, para suprir o mercado interno e não conseguiu, até hoje, se livrar dessa concepção. Quando emergiu a globalização, a sociedade brasileira entendeu que inserir o país dela seria abrir a sua economia à produção mundial. Não suprir o mercado mundial com seus produtos. Abriu a porta só de um lado: a de entrada.
Esse pensamento continua dominando a visão do Governo, dos analistas, contaminando a sociedade toda, obnubilando a percepção de que a crise econômica decorre do esgotamento desse modelo.
Sejam os ortodoxos, como os heterodoxos percebem, analisam e propõe soluções para a crise, tentando reanimar uma economia industrial voltada para dentro.
Não há saída para a crise econômica, sem sair dessa visão introvertida.
As fontes externas que deram suporte ao crescimento da economia se enfraqueceram ou foram reduzidas. Só deixaram uma brecha: a captação de recursos externos via exportação de industrializados.
A "cegueira" em ver ou perceber essa saída, por razões históricas, culturais e até ideológicas atrasa a possibilidade de recuperação da economia brasileira.
Jorge Hori
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Jorge Hori
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