Paradoxal: O maior opositor de Dilma, além dela própria, é seu partido

Anencefalia política combinada com tecnicalidades

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Na ONU Dilma deixou claro – ainda que não tenha falado explicitamente – que está disposta a manter seu leque de mentiras em abano constante como se fosse suficiente para afastar as moscas que vêm de seu... partido, o PT.

Contrariando as convicções petistas Dilma segue defendendo que a economia brasileira continua sólida, resiliente e pronta para avançar e superar todas as dificuldades, embora admita que as medidas amargas sejam imprescindíveis para alcançar os resultados esperados.

E, justamente nesse ponto, surge o seu maior rival: o PT.

Conquistado o seu segundo mandato à custa de mentiras – me parece não haver mais dúvidas sobre isso – a presidente aos poucos e rapidamente precisou mudar o rumo das ideologias político-partidárias e assumir a ortodoxia para consertar o que foi arruinado por seu governo e de seu antecessor. Treze anos bombardeando as premissas econômicas nos trouxe até aqui: a volta do desemprego e da inflação, o empobrecimento da população, o aumento da dívida pública, os juros astronômicos, as grandes oscilações de humor decorrentes das incertezas nos índices de produtividade do comércio, da indústria, do agronegócio e a desconfiança do mercado internacional, entre outros tantos pontos que estão fora da curva.

Dilma já não fala o que pensa, não faz o que entende ser o certo, não faz concessões aos conselheiros, exceto quando Lula abre a boca a dar pitacos no governo. E, ainda assim, Dilma vive metendo os pés pelos “pés”, causando mal-estar geral, seja no seio dos aliados, seja na oposição, seja na companheirada. Dilma está só... o PT, a assombra impiedosamente ainda que de modo absolutamente singelo.

Enquanto a presidente falava ao mundo do púlpito da sede da ONU seus companheiros entrelaçavam ideias na construção de um consenso partidário de modo a dar nova essência e substância ao Partido dos Trabalhadores, com algum cuidado para não machucar a imagem de Dilma.

Reunindo alguns chamados “notáveis” o Partido dos Trabalhadores através da Fundação Perseu Abramo elaborou um documento abordando assuntos como a crise, as suas razões, a força coercitiva imposta a presidente na condução de um modelo político que não é o do PT e as consequências perigosas presentes e futuras. O documento é longo e está dividido em dois volumes (para ler segure Ctrl e clique no link):

Mudar para sair da crise – Alternativas para o Brasil voltar a crescer (Vol. I)

 - O Brasil que queremos - Subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional (Vol. II)

Esses documentos não deixam margem à dúvida, Dilma é o alvo principal que está nas entrelinhas, os demais são a proclamada elite como banqueiros e financistas. Em suma, os documentos defendem o retorno da política lulo-petista, ou seja, adotar o modelo de governança dos dois mandatos de Lula e o primeiro de Dilma. Pergunta-se: Se Dilma admite que o modelo político de seu governo chegou ao limite como declarou na ONU, como retoma-lo sem quebrar definitivamente o país? É lógico que se trata de um grande engodo populista que tentará fazer o povo acreditar que Dilma é o grande mal e Lula deve retornar em 2018 como o Profeta Salvador.

Se, como diz, o PSDB está deixando o governo Dilma sangrar para depois retomar o governo brandindo a bandeira do Plano Real como instrumento adequado para recolocar o trem-brasil nos trilhos, o mesmo pensamento pode ser a virtuosidade petista que aguarda e acelera silenciosamente a morte política da presidente para voltar com a política de bolsas e benesses, reduzindo os juros artificialmente, promovendo investimentos sem o devido lastro, ampliando os programas sociais sem recursos suficientes e aumentando o endividamento do governo irresponsavelmente; este seria o golpe de misericórdia no tesouro nacional.

Mas também há outra possibilidade. Lula e seu PT voltarem à situação e como na sua primeira gestão continuar com a política ortodoxa de FHC enquanto adiciona alguns condimentos populistas para amansar a plebe e sentir-se livre para arrasar a economia brasileira já tão combalida.

De um jeito ou de outro, a dor será sentida pela sociedade brasileira que, inexoravelmente, terá de pagar o pato.

A fraqueza e fragilidade de Dilma-gestora podem ser percebidas até por aqueles que não acompanham assuntos políticos com frequência, mas a entrevista de Ricardo Lacerda, ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil e do Citigroup na América Latina, concedida a Folha de terça-feira (28) é bastante curiosa.

Declarando-se eleitor de Dilma no segundo turno, Lacerda revela entre outras coisas:

“A presidente e seu círculo mais próximo nunca abriram mão da condução da economia. O objetivo ao aceitar Levy era apenas usar sua credibilidade para recuperar o apoio dos mercados” (grifo).

A reportagem na íntegra pode ser lida aqui.

Dilma está naquela situação dita popular: “Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”.

Vamos ver quem vencerá: a política da hipocrisia, a renúncia ou o impeachment.

De toda sorte, quem perde é o povo e o Brasil.

JM Almeida

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JM Almeida

João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas. 

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