Abatido, humilhado, explorado por advogados e perdendo a capacidade de desafiar a justiça com a sua costumeira arrogância, Lula chega ao final da vida num deplorável estado físico e moral. Quando foi conduzido à força para depor na Polícia Federal, de lá voltou atirando para tudo quanto é lado.
Saiu do interrogatório direto para a sede do PT, onde deu uma entrevista dizendo que haviam “pisado no rabo da jararaca e que isso a deixava ainda mais perigosa”. Logo em seguida, foi para um comício na Avenida Paulista, em São Paulo, onde prometeu resistir e lutar.
Agora que está preso, a “jararaca” perdeu o veneno. Toda aquela prepotência desmoronou com a prisão. No momento, tenta se desvincular da pecha de oportunista e enganador que, durante muito tempo, explorou os humildes distribuindo migalhas em troca de votos, enquanto ele próprio e seu grupo arrecadavam milhões. Sua capacidade de mentir e enganar chegou ao fim. Com os meios de comunicação atingindo os mais longínquos rincões do país, o jogo está virando, pois o acesso à informação superou todas as limitações que o eleitor humilde tinha para tomar conhecimento dos fatos e se comunicar.
Não conseguindo se “reinventar”, o demagogo ex-sindicalista foi aos poucos tomando contato com a realidade. Hoje, preso e desmoralizado, começa a dar sinais de demência. Confiou muito na rede de corrupção montada pelo seu partido, o PT, bem como na certeza de que ninguém o denunciaria, mesmo por razões óbvias.
A gota d'água veio com a Lava Jato, que trouxe a delação premiada, a eficiência dos procuradores e da Força-tarefa para desvendar a corrupção crônica existente em todos os órgãos e poderes da República. Para piorar a situação, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o entendimento favorável à prisão de réus condenados pela Justiça a partir de decisão de segunda instância.
Após uma sequência devastadora de denúncias, o pseudo líder viu-se finalmente acuado pela Justiça. Réu em seis ações penais e condenado na primeira delas por corrupção e lavagem de dinheiro, tem pela frente uma verdadeira maratona de interrogatórios em outros processos contra sua pessoa.
Finalmente descobriu, após muita relutância, que os poderosos podem também ser presos. Vendo-se agora na condição de condenado, com os bens confiscados e com as contas bloqueadas, começa a aceitar a ideia dantes negada por seus desastrados advogados, que só tem um jeito de passar o natal em casa: conseguir com os garantistas da impunidade a mudança do seu regime prisional para cumprir o restante da pena em casa.
Rejeitado pela sociedade, humilhado e explorado por advogados que tentaram adiar a sua prisão, caminha inexoravelmente para o degredo. Até os sindicalistas e movimentos que antes o apoiavam começam a recolher as bandeiras. Desesperado e sem saber como explicar o aumento exorbitante do seu patrimônio, jogou sobre os ombros da coitada da Marisa (sua esposa) a responsabilidade das provas, dizendo que era ela que cuidava das contas em casa, inclusive do aluguel do apartamento que servia para reuniões políticas.
“Há mais de 20 anos que não assino um cheque e não uso cartão”, disse o ex-presidente.
Como sempre, pousou de inocente e de perseguido político. Seu antigo companheiro e ex-ministro da Fazenda do seu governo, Antonio Palocci, afirmou que “quem detinha o comando e quem batia o martelo nas negociações era Lula”. Também confirmou que são verdadeiras as denúncias de pagamento de vantagens indevidas, em forma de doação de campanha e benefícios pessoais durante o seu governo o do governo de Dilma Rousseff.
E já que não pode provar a sua inocência, pois, segundo suas declarações, jamais soube de nada, não lhe resta outro caminho senão ser banido da vida pública sob a nefasta acusação de ter praticado um dos piores crimes que um homem público pode cometer: corrupção.
Luiz Holanda
Advogado e professor universitário