Próximo comandante do Exército Brasileiro, General Pujol é conhecido como um homem de poucas, mas firmes palavras
21/11/2018 às 17:51 Ler na área do assinanteGeneral-de-Exército Edson Leal Pujol, 63 anos, será o próximo Comandante do Exército Brasileiro.
Com a decisão, Jair Bolsonaro evitará qualquer pirotecnia ou contorcionismo na escolha do sucessor do General-de-Exército Eduardo Villas Bôas. Bolsonaro respeitará o critério de antiguidade, que costuma ditar a nomeação do Comandante do Exército. A rigor, neste momento o oficial com mais tempo de generalato é o atual chefe do Estado-Maior do Exército, General-de-exército Paulo Humberto César de Oliveira.
No entanto, ele está completando 12 anos no posto de general e automaticamente irá para a reserva em dezembro. Com isso, ainda neste ano o general Pujol passará a ser o quatro estrelas mais antigo e substituto natural do general Villas Bôas.
Por uma dessas coincidências da vida, sua nomeação significará o reencontro de velhos colegas: nos anos 70, Pujol e Bolsonaro integraram a mesma turma na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). O general Pujol tem uma trajetória à altura do desafio de suceder o general Villas Bôas, o mais emblemático e influente Comandante do Exército na história recente do país. Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), Pujol é um dos mais respeitados oficiais da sua geração.
Trata-se de um dos raros tríplices coroados das Forças Armadas: foi primeiro colocado das turmas de cavalaria da AMAN e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e no curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Estudou na Escola de Blindados do Exército norte-americano de Fort Knox (Armor School), uma das mais renomadas academias militares do mundo. Formou-se também em Operações de Informações (Curso de Inteligência).
Para além da invejável formação acadêmica, Pujol é conhecido pelo seu perfil de “tropier”. Entre outras importantes funções, chefiou o Comando Militar do Sul, que reúne 70% do contingente do Exército brasileiro. Trata-se da maior força militar do Rio Grande (México) à Patagônia, que também foi chefiada pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão.
Antes, comandou a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Santiago (RS). A julgar pelo perfil do general Leal Pujol, que ninguém espere por um comandante do Exército com o mesmo grau de exposição do general Villas Bôas. O general Pujol prima por um estilo mais reservado.
Diferentemente de outros generais, que passaram a se manifestar publicamente de forma regular, sobretudo pelas redes sociais, Pujol tem se mantido longe das mídias digitais. Outra diferença importante é o seu distanciamento do establishment político. Villas Bôas chegou a ser chefe da Assessoria Parlamentar do Exército, o que naturalmente o transformou em um liason entre a Força e o Congresso.
No caso de Pujol, não se tem notícia de que ele mantenha interlocução de natureza política. Mesmo entre seus colegas de oficialato, o general Pujol é conhecido como um homem de poucas, mas firmes palavras. Sua capacidade de liderança e prestígio junto à Força, ressalte-se, são incontestáveis. Sabe se ainda que o general Pujol coaduna dos princípios que sempre pautaram o general Villas Bôas – de quem, inclusive, é muito próximo – de respeito e defesa intransigente da Constituição.
É seguidor da doutrina que o atual Comandante do Exército talhou no ápice da crise institucional e do apelo das ruas por uma intervenção das Forças Armadas: estabilidade, legalidade e legitimidade. Em setembro do ano passado, durante palestra na Associação Comercial do Rio Grande do Sul – em uma em uma de suas raras apresentações públicas –, Pujol afirmou com todas as letras que “intervenção militar não é solução”.
Além da relação com o Comandante Villas Bôas, Pujol é bastante próximo do futuro ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do novo chefe do GSI, general Augusto Heleno. No caso deste último, inclusive, há um ponto de interseção em suas carreiras militares que aumentou a afinidade: ambos participaram da Força de Paz na Missão das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH).
Texto reproduzido originalmente em DefesaNet