Agora como ex-juiz, Moro abre o jogo e diz o que pensa sobre o envolvimento de Lula no Petrolão
16/11/2018 às 16:10 Ler na área do assinanteSérgio Moro não é mais juiz federal. Ele formalizou o seu pedido de exoneração, já concedido pelo desembargador Thompson Flores, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Na condição de ex-juiz, Sérgio Moro está mais livre para montar o seu futuro ministério e também mais a vontade para falar de suas impressões sobre tudo o que ocorreu na Operação Lava Jato.
Em sua primeira entrevista, realizada pela revista IstoÉ, Moro fez algumas revelações interessantes.
Disse que percebeu que a Lava Jato poderia atingir grandes proporções, quando decretou a prisão do doleiro Alberto Yousseff, e com ele encontrou o documento da compra de uma Range Rover Evoque em nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. De fato, dai em diante foram sucessivas novas operações e investigações, com a descoberta de falcatruas até então inimagináveis.
"Era apenas o fio de um extenso novelo que alcançaria o maior esquema de corrupção da história recente do País. A Lava Jato evoluiu de tal maneira que levou o juiz a condenar importantes dirigentes do PT, o mais importante deles o ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde o começo do ano por ter recebido vantagens da OAS, entre as quais um tríplex no Guarujá, em troca de polpudos contratos na Petrobras."
Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro disse que a sentença foi ‘extensamente fundamentada’ e cravou a seguinte afirmação:
“As provas indicam que Lula é o mentor desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras. E não se trata só de um tríplex. Nós falamos de um rombo de R$ 6 bilhões. O tríplex é a ponta do iceberg”.
Com relação às acusações de ‘perseguição política’, Moro foi taxativo:
“O que existe é um álibi de Lula, baseado numa fantasia de perseguição política”.
A decisão foi mantida pela Corte de apelação (TRF-4), que não apenas endossou as suas fundamentações jurídicas como ampliou a pena para 12 anos e um mês.
“A partir daí, a decisão não é mais minha”, afirmou categoricamente.