Como as universidades se tornaram uma ameaça ao bem estar público
20/10/2018 às 04:45 Ler na área do assinanteElas têm sido, ao longo das últimas décadas, uma fonte crescente de hostilidade aos valores que assoalharam o caminho para a civilização ocidental.
Após décadas da influência nefasta da Escola de Frankfurt, do pós-estruturalismo, do pós-modernismo, do relativismo, do “perspectivismo”, etc, eis que chegamos ao estado mais abjeto da barbárie que, pasmem, vem “de cima”: vem da Universidade, especialmente das “humanidades”.
Essa é a “invasão vertical dos bárbaros”, como bem a denominou o talvez mais importante filósofo brasileiro, Mário Ferreira dos Santos. Ou seja, os bárbaros adentraram os portões da cidade civilizada e hoje causam o caos desde “cima”, desde a Universidade.
Subsidiados especialmente com dinheiro dos pagadores de impostos, tais bárbaros, formados por uma elite entediada e infeliz (frequentemente mantida a base de fluoxetina, Benzodiazepinas, drogas ilícitas, etc), espraia seus vícios e psicopatologias para o resto da sociedade, a qual sofre terrivelmente os efeitos dessas mesmas ideias: Relativismo moral e epistêmico, vitimização do criminoso, glamorização da promiscuidade sexual, do uso de álcool e drogas, etc, são alguns dos exemplos mais evidentes de ideias cujos efeitos são mensurados por seu trágico impacto como causa dos flagelos que atingem diretamente a sociedade civil.
UMA LUZ PARA O ENSINO SUPERIOR
Todavia, diante desse quadro tivemos, no início do mês, uma notícia auspiciosa: o consultor da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) para a área da educação, Stavros Panagiotis Xanthopoylos, afirmou que no governo de Bolsonaro haverá critérios racionais para o financiamento de pesquisas nas Universidades Federais.
Sua proposta é priorizar áreas de “valor intelectual agregado”. Não apenas isso, ele afirmou que as pesquisas nas “humanidades” serão “redimensionadas”. Isso traz uma luz para a Universidade (e, consequentemente, para a sociedade civil). Com políticas educacionais orientadas por essas ideias, a proposta da equipe de Jair Bolsonaro talvez nos permita falar novamente em um ensino “superior”.
Afinal, temos acompanhado uma degenerescência que demanda urgentemente tal estabelecimento de “critérios” e de um “redimensionamento”. Para que tenhamos clareza sobre a necessidade de critérios e de redimensionamento, vejamos apenas alguns exemplos de situações aviltantes ocorridas em Universidades brasileiras.
E aqui não estou falando apenas das notórias greves, paralisações, invasões, etc. Refiro-me a situações ainda mais degradantes, as quais, insisto, corroem não apenas a Universidade, mas a sociedade civil, na medida em que ela é diretamente influenciada pelo que ocorre na Universidade.
Eis, então, alguns “eventos” promovidos pelas nossas Universidades:
1. Em agosto desse ano os alunos do centro acadêmico da faculdade de medicina da USP promoveram a ‘semana da diversidade’, na qual houve, por exemplo, oficina de masturbação feminina e “gaymada”;
2. Em abril ocorreu, na Universidade Estadual de Maringá, o ‘V Simpósio Internacional em educação sexual’, no qual alunas realizaram atos eróticos diante do público;
3. Em 2014 ganhou notoriedade o evento (ligado a um grupo de pesquisas vinculado ao CNPq) ‘Xereka Satânik’, repleto de situações grotescas, dentre as quais uma envolvendo a performance de uma feminista que costurou sua vagina com uma bandeira do Brasil em seu interior. Tal evento ocorreu na Universidade Federal Fluminense.
4. Houve em 2015, na Universidade Federal do Amapá, um ‘simpósio sobre gênero e diversidade’ com direito a oficina de masturbação feminina e higienização anal antes do sexo.
Não apenas eventos como esses, mas muitas das dissertações e teses defendidas em nossas Universidades expressam a mesma degenerescência.
O dinheiro dos pagadores de impostos subsidiou, por exemplo:
1. Dissertação sobre mostrar o c* contra o capital (“Tropicuir. (Re)existências políticas nas ações performáticas de corpos transviados no Rio de Janeiro”);
2. Dissertação para o seu autor ter experiências sexuais em um banheiro público (“Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas nos sanitários públicos da Estação da Lapa e adjacências”);
3. Tese com relatos de orgias gays (“Festas de orgia para homens: Territórios de intensidade e socialidade masculina”)
4. Dissertação sobre “Mulheres perigosas: Uma análise da categoria piriguete”;
5. Dissertação: “A Zuadinha é tá, tá, tá, tá: representação sobre a sexualidade e o corpo feminino negro”;
6. Dissertação: “Erótica dos signos nos aplicativos de pegação: processos multissemióticos em performances íntimo-espetaculares de si”;
7. Dissertação: "Personagens emolduradas: os discursos de gênero e sexualidade no Big Brother Brasil 10”. Temos, inclusive.
8. Tese sustentando que “não é possível afirmar que a pedofilia seja, em sua totalidade, sinônimo de violência sexual contra a criança”: "A pedofilia e suas narrativas: uma genealogia do processo de criminalização da pedofilia no Brasil”.
Acima temos, pois, apenas uma pequena amostra daquilo que se tornou “comum” em nossas Universidades. Tais eventos e dissertações/teses já não são exceção, mas lugar comum especialmente nas “humanidades”.
Se há dúvidas, faça uma pesquisa nos repositórios de dissertações e teses em áreas como pedagogia, ciências sociais, antropologia, história, filosofia, artes, etc.
Exemplos como os acima referidos mostram em que sentido as Universidades têm sido uma ameaça ao bem estar público e fonte de colapso dos pilares da civilização ocidental.
Um “redimensionamento” das pesquisas feitas nessas áreas é uma questão de segurança pública. Trata-se de resguardar aquela máxima latina: ‘salus populi suprema lex esto’ (“Seja a salvação do Povo a Lei Suprema”).
Priorizar áreas como ‘medicina’ (desde que não seja para realizarem oficinas de masturbação feminina e higiene anal antes do sexo), ‘recursos minerais, naturais e materiais’, etc, áreas citadas por Xanthopoylos, é plenamente justificável e, mesmo, urgente. Não apenas justificável e urgente, se trata de algo necessário para que resgatemos alguns princípios fundamentais da ideia mesma de Universidade enquanto meio para a prosperidade individual e social.
Isso justifica que algumas áreas sejam, ao menos inicialmente, privilegiadas.
Em uma carta datada de 12 de maio de 1780, John Adams, um dos líderes da Revolução Estadunidense e, posteriormente, presidente dos USA, ao falar do ‘dever’, afirma:
“Eu poderia preencher volumes com descrições sobre Templos e Palácios, Pinturas, Esculturas, Tapeçaria, Cerâmica, etc., se eu tivesse tempo. Mas eu não poderia fazer isso sem prejuízo de meu dever. (...). Eu devo estudar Política e Guerra para que meus filhos tenham a liberdade de estudar Matemática e Filosofia. Meus filhos devem estudar Matemática e Filosofia, Geografia, História Natural, Arquitetura Naval, Navegação, Comércio e Agricultura, para dar aos filhos deles o direito de estudar Pintura, Poesia, Música, Arquitetura, Escultura, Tapeçaria e Porcelana.”
A ideia é simples: primeiro saímos da pobreza. Primeiro enriquecemos materialmente. Depois, e somente depois, fomentamos o enriquecimento do espírito.
No atual estado de coisas algumas áreas precisam ser prioridade em virtude de serem elas a causa de prosperidade material. As demais devem passar por um “redimensionamento” rigorosíssimo, especialmente para fomentarem a prosperidade moral, a qual é essencial à resolução de diversos de nossos problemas sociais cujas causas são mais morais do que materiais.
Em suma, é imperioso resgatarmos a Universidade dos bárbaros que a invadiram para que a “salvação do povo” seja a “lei suprema”.
(Texto de Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito).