Isso aqui está um inferno
No Brasil, nada anda tão ruim que não possa piorar ainda um pouco mais
21/09/2015 às 17:21 Ler na área do assinanteAntes de melhorar, muito ainda deve piorar.
Vou agradar Dilma? Quem sabe! Talvez só quando concordo que o mundo atravessa uma grande crise. Paro aqui.
A crise que Dilma vê é só aquela que serve, no seu melhor pensamento, a justificar a situação econômica preocupante que balança o Estado e castiga a Nação, especialmente, os mais pobres e os miseráveis que, diz ela, agora são muito menos aos que existiam antes dela e de Lula. Que coisa!
Vamos combinar. A raiz dos problemas no mundo é peculiar de cada região do planeta. A pedra de toque entre todas é a política e, política, é coisa do homem.
Logicamente não estou dando as costas ao mundo e aos problemas comuns vez que decorrem da política globalizada e dos vários matizes ideológicos, inclusive, religiosos, que conflitam entre si.
No Brasil, nada anda tão ruim que não possa piorar ainda um pouco mais. Não repito, apenas enfatizo.
Quem poderia imaginar que nossas vidas pudessem ser afetadas tão violentamente em um lapso decenal? Não! Não vou dedicar minhas críticas exclusivamente para o Partido dos Trabalhadores, para o Lula e para a Dilma. Governos passados também deixaram as suas heranças malditas. O que me faz espécie é que o PT se apresentou ao povo como o bastião dos pobres, o herói que faltava para combater os grandes males que já assolavam o país e ameaçavam o futuro dos brasileiros. Mentiram. Mentiram e fizeram pior. Mentiram e continuam mentindo. As consequências de tantas mentiras estão aí para quem “quer ver”. Ora! Ver para quê? Não é mesmo? Gente inteligente, cheios de cultura; gente indigente, cheios de ilusões; gente imponente, cheios de benesses. De modo geral, mudou... para pior.
Para piorar, com a intenção de esconder ou contornar ou arrumar o que está feito, novas mentiras e novas consequências vão chegando devagarinho e afetando as nossas vidas.
O PMDB, um dos mais influentes dos partidos brasileiros, apoiador... quase... incontinente do governo começa a deixar escapar certas impressões de que tal apoio não é bem o que parece, é especioso – assim como o PT sempre deixa claro que, em relação ao PMDB, as coisas são realmente o que parecem... conveniências que os ligam uns aos outros e que demonstram, vão esfarelando em ritmo cada vez mais rápido.
Reforma Política? Balela. Reforma Ministerial? Balela. Reforma Tributária? Balela. Tudo é balela, tudo é invenção do homem-político, tudo é resultado de uma potência de vontade de agarrarem-se ao poder, babar sobre ele, lambuzar-se dele, gozar com ele; são amantes insaciáveis, atores de relações promíscuas, prostitutas, pérfidas e insidiosas. Que o povo se dane, essa orgia é nossa, por isso não caio, não saio, é golpe, golpe moderno... Nada, além disso, imagino de digam.
Quem somos nós, afinal?
“Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém
Aqui embaixo as leis são diferentes”[1]
Eis a minha crítica e a minha decepção. Lula, você se dizia assim e se apresentava como aquele que mudaria o perfil do povo pobre desse país. Revelou-se baluarte, mas escondeu o seu caráter. Como estão as coisas aí em cima, Lula? Vê aqui embaixo; estamos sofrendo... estamos morrendo de fome e de tiro, de espanto e ignorância... estamos nos matando, Lula, uns aos outros. Não vê? Deve ser porque os seus olhos reviram somente para cima, assim como faziam em movimentos involuntários – idem aos peristálticos - durante os seus discursos denunciando as mentiras que saiam de sua boca.
Dilma vem te confirmar. A ela você atribui os fracassos. Caráter, Lula... onde está o seu?
Continuamos sem os nossos Direitos Fundamentais. Somos mais de duzentos milhões de pessoas, não só uns poucos milhares. Somos brasileiros natos ou naturalizados, somos imigrantes legais ou ilegais, somos povo, somos gente, somos carentes de nosso trabalho, de nosso estudo, de nossa saúde, de nossa alegria e felicidade, de nossa certeza de acreditar não só no amanhã, mas no dia que amanhece e alcança o alvorecer sem solavancos, somos homens e mulheres em busca de identidade, somos guerreiros de nosso próprio território: a consciência. Consciência que você emasculou com promessas vazias e comportamento vil.
Dilma vem te confirmar, repito.
Qual dos infernos ainda experimentaremos? Em qual deles estamos agora? Sim! É isso... porque o que vivemos é a Divina Comédia[2]. Somos os seus atores escalados.
Dilma, enquanto se agarra ao trono, tenta obedecer as suas ordens de Lula. Ora, vejam! Que país privilegiado. Estamos sob a égide de reis e conselheiros. Quem perde o trono, perde o castelo, as terras e os vassalos. Quem virá depois?
É por isso que Dilma vem te confirmar. Hoje, ao menos, te serve de acessório interessante aos teus propósitos.
Espero em breve vê-la tanto quanto vejo Zélia Cardoso de Melo.[3] E, tomara, nas mesmas condições... longe do Brasil.
Impeachment é pouco, Dilma. Veja se ainda lhe resta alguma dignidade e brio e peça para sair.
Cadeia é nada Lula.
Quem sabe pena alternativa onde você pudesse prestar serviço comunitário junto aos milhares que você tirou da miséria absoluta. Se você estiver certo, vai vagabundear o dia inteiro por absoluta falta de pobres.
JM Almeida
[1] Trecho da música “Zé Ninguém” ; Interpretação Biquíni Cavadão ; Letra e Música: Composição: Álvaro / Bruno / Sheik / Miguel / Coelho
[2] "Divina Comédia" de Dante Alighieri ; O Inferno é a primeira parte da "Divina Comédia" de Dante Alighieri, sendo as outras duas o Purgatório e o Paraíso. Está dividido em trinta e quatro cantos (uma divisão de longas poesias), possuindo um canto a mais que as outras duas partes, que serve de introdução ao poema. A viagem de Dante é uma alegoria através do que é essencialmente o conceito medieval de Inferno, guiada pelo poeta romano Virgílio. No poema, o inferno é descrito com nove círculos de sofrimento localizados dentro da Terra. Foi escrito no início do século XIV
[3] Ministra da Fazenda do Brasil entre 1990 e 1991 no governo de Fernando Collor de Mello
JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.