Inversão de valores: Mãe de bandido quer indenização de PM que matou o filho
13/10/2018 às 06:28 Ler na área do assinanteEfetivamente o fato que deu notoriedade à policial militar Kátia Sastre foi a coragem demonstrada quando arriscou a sua própria vida em defesa da sociedade.
O bandido morto tratava-se de um sujeito de alta periculosidade, em plena execução de um crime, de arma em punho.
Naquele momento, a vida de crianças e mães que estavam no local, em frente de uma escola em Suzano (SP), estava em risco.
Os fatos ocorreram na rua e as imagens foram amplamente divulgadas e são de conhecimento público.
Kátia utilizou essas imagens para demonstrar ao eleitorado quem ela era e toda a sua coragem, divulgando durante a sua vitoriosa campanha eleitoral para a Câmara dos Deputados o vídeo abaixo:
Pois bem, presentemente, a mãe do bandido quer ser indenizada por danos morais pela deputada eleita.
Pede a bagatela de 477 mil reais.
O jornal Folha de S.Paulo, em matéria publicada nesta sexta-feira (12), descreve a pretensão da mulher, a cozinheira Regiane Neves da Silva Ferrari.
Ainda que não a culpe pela morte do filho, Regiane entrou nas vésperas da eleição com um pedido de indenização na Justiça de São Paulo por danos morais contra a policial e o seu partido.
“Ao exibir a cena na propaganda eleitoral, dia após dia, ela me torturou e à minha família de um modo terrível”, afirma a cozinheira, que cobra R$ 477 mil na ação (o equivalente a 500 salários mínimos).
Na propaganda, após divulgar as imagens gravadas por uma câmera de vigilância instalada na escola, a então candidata dizia que atirou e que atiraria de novo. “Tenho coragem”, afirmava.
“Quando dizia que matou e que mataria de novo, eu pensava que era a mim que ela estava querendo matar”, afirma a cozinheira. “Afinal, meu filho já está morto, eu que estava sofrendo na frente da TV.”
Regiane diz que foi diagnosticada com depressão e que vive à base de remédios. “O que ela fez foi um absurdo”, declara. “Toda vez que a cena aparecia na TV, meus netos gritavam: ‘vó, estão matando o Zoca de novo, venha ver’”.
No processo, a advogada Victória Eiras Monteiro, do escritório J. Beraldo, diz que a honra e a imagem do filho da cozinheira foi denegrida e que a situação causou constrangimento e sofrimento à família. “Exibiram de maneira cruel e espúria a imagem do falecido”, diz, no texto.
Ora, o rapaz foi flagrado cometendo um ilícito penal e não houve reação desproporcional da policial. Muito pelo contrário, a ação foi legítima e necessária.
Esse mesmo bandido foi apontado pela polícia como o chefe de uma quadrilha que roubou, matou e queimou o aposentado Renato Brígido, de 58 anos.
Em 2017, o aposentado ficou desaparecido por quase 20 dias até o corpo ser encontrado em Poá. O corpo do idoso foi encontrado queimado, após o carro dele ter sido roubado.
Portanto, um elemento perigoso, irrecuperável, como a própria mãe confessa, dizendo que tentou de tudo para tirá-lo da criminalidade.
Assim, parece óbvio que a policial não infringiu nenhuma norma legal ao divulgar as imagens novamente.
Respeitando o sofrimento da mãe, parece caracterizado um caso típico da mais completa inversão de valores.