Essa eleição gerou um fato engraçado... Agora temos o PI - "Partido do Isentão".
O Partido do Isentão é aquele formado pelos que não gostam do Bolsonaro e também não gostam do PT, e que ficam tacando pau nos dois, sem assumir lado nenhum.
É muito fácil e cômodo ser isentão e parecer mais "politizado" e "descolado" justamente num segundo turno em que temos a chance de varrer o PT da vida pública;
Críticas ao Bolsonaro? Claro que serão aceitas, pois não existe política e políticos perfeitos, e inclusive essas críticas fazem parte da democracia e amadurecem o debate político. Só que esse não é o momento, pois estamos no meio de uma disputa eleitoral, porém os "isentões" parecem não entender isso.
Depois da disputa e com os atos do presidente, aí sim será cabível fazer análises críticas até mesmo por parte dos seus eleitores. O próprio Bolsonaro sabe que não somos iguais aos petistas, que varrem a sujeira pra debaixo do tapete, e que sabemos como ninguém fazer autocrítica, além de cobrar aquilo que está sendo prometido.
O que mais me chama a atenção é que os "isentões" são geralmente eleitores de partidos nanicos que tiveram um resultado pífio e bem abaixo do esperado nessas eleições. Aí como forma de aliviar a dor de cotovelo, começam a fazer campanha contra tudo e todos, como se isso fosse resolver alguma coisa no segundo turno.
O NOVO é um exemplo de formador de "isentões". Muito do seu resultado péssimo, que o deixou 1,2% acima do Daciolo, foi a antipatia gerada por seus militantes, que se preocuparam muito mais em atacar o Bolsonaro do que em defender as ideias do seu próprio partido, gerando uma certa rejeição pelo NOVO. Confesso que eu mesmo estava me filiando ao NOVO, mas pela atitude covarde e pusilânime do seu Presidente, desisti. Não quero estar vinculado a um partido cujo caráter político é fraco sem posição, ainda que possa ter ideias boas.
Amoedo, como grande empresário que é, esqueceu uma regra básica de qualquer coisa: É muito mais difícil recuperar a imagem perdida do que construir a imagem. E sim, mesmo contando com um nome incontestavelmente valoroso como o de Marcel Van Hatten, essa imagem foi arranhada perante uma parcela significativa da população, pois veio com aquela bobagem de dizer que "não se junta à velha política", sem no entanto ter mostrado ainda a que veio - até por falta de representação e oportunidade.
Mas o que é que ele queria?
Falar "abracadabra" e se tornar Presidente num passe de mágica?
Entrar por último no ônibus e sentar na janela da primeira fila?
Aí, quebra a cara e posa de "isentão".
Se deu mal e está levando o seu partido junto, quando poderia ter se posicionado e ter pavimentado sua trajetória política, para aí sim impor as suas ideias. Mas os isentões não entendem isso.
Numa guerra como a que estamos vivendo, quem não é meu amigo é meu inimigo, ainda que não seja amigo do meu inimigo, pois mais ajuda quem não atrapalha.
Marcelo Rates Quaranta
Articulista