Lava Jato fulmina argumentos de Toffoli e procurador diz que ministro não tem “mérito” para merecer “respeito”
BOMBA! É guerra declarada...
24/09/2018 às 09:34 Ler na área do assinanteNão há mais nenhuma dúvida - ou, talvez, nunca tenha havido - de que o objetivo maior do atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, é acabar de vez com a Operação Lava Jato.
É a missão assumida pelo ex-subordinado de José Dirceu.
Há poucos dias, já na condição de maior autoridade do Poder Judiciário brasileiro, Toffoli, em sua primeira entrevista, quando questionado sobre a Lava Jato, disse de maneira enfática e impositiva:
“O STF sempre deu suporte à Lava Jato, vamos parar com essa lenda urbana, com esse folclore”.
Em um documento protocolado por Deltan Dallagnol na Corregedoria Nacional do Ministério Público, em resposta a um procedimento disciplinar aberto contra ele a pedido do próprio Toffoli, o procurador destrói e desmascara o ministro.
Segundo o jornalista Josias de Souza, “Dallagnol enumerou 27 decisões da Segunda Turma contra a Lava Jato. Entre elas 16 liberações de presos, quatro rejeições de denúncias e cinco remessas de processos para a Justiça Eleitoral ou outras jurisdições. Listou também decisões (individuais) dos ministros, com especial realce para 47 habeas corpus concedidos por Gilmar Mendes para libertar presos”.
E prosseguiu Josias de Souza:
“O embate entre o ministro e o procurador foi motivado por uma entrevista do chefe da Lava Jato à rádio CBN, em 15 de agosto. Nela, Dallagnol criticou a decisão da Segunda Turma que transferiu do juiz Sérgio Moro para a Justiça Eleitoral em Brasília processo contra o ex-ministro petista Guido Mantega. O caso foi relatado por Toffoli. Envolve a troca de medidas provisórias por propina de R$ 50 milhões da Odebrecht. Parte da verba suja remunerou João Santana e sua mulher Monica Moura, o casal do marketing das campanhas petistas.”
“Na entrevista, Dallagnol lamentou o fato de a decisão ter sido tomada por 3 votos a 1. Referindo-se a Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, o trio anti-Lava Jato da Segunda Turma, o procurador emendou: “Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha assim, que manda uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”.
“Dallagnol teve o cuidado de enfatizar: “Não estou dizendo que [os ministros] estão mal-intencionados nem nada”. Contudo, ele deixou seu ponto de vista bastante claro: ‘Estou dizendo que, objetivamente, a mensagem que as decisões mandam é de leniência. E esses três de novo olham e querem mandar para a Justiça Eleitoral como se não tivesse indicativo de crime? Isso para mim é descabido’.”
Neste domingo (23), o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, foi ainda mais incisivo em relação às pretensões de Dias Toffoli e deixou claro que não respeita o ministro. Aliás, que ele não tem ‘mérito’ para merecer respeito:
“O presidente do STF pretende calar a Lava Jato. A sua pretensão de pacificação do ambiente político, ao que parece, faz-se pelo silenciamento daqueles que fazem a crítica, necessária em uma democracia, às decisões do Supremo. Respeito é uma conquista por mérito, e não uma obrigação de lei.”
A sociedade precisa manifestar todo o seu apoio a Lava Jato e a luta contra a corrupção.
O “acordão” está sendo tramado a passos céleres.