Ao Embaixador da República Federal da Alemanha no Brasil
Dr. Georg Witschel.
Senhor Embaixador, na condição de cidadão brasileiro venho por meio desta manifestar minha surpresa em relação à participação da República Federal da Alemanha em acirrada discussão travada nas Redes Sociais no que diz respeito à natureza ideológica do Regime Nacional Socialista que dominou este país antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Gostaria de dizer que não tenho qualquer formação em Filosofia, Ciência Política ou História, que jamais estive na Alemanha e não havia, sequer, nascido quando se travou a Guerra entre as Potências do Eixo e os países aliados.
Sou, por formação, médico, mas sou também e antes tudo, cidadão brasileiro e tenho uma opinião absolutamente clara (e que não interessa aqui) no que diz respeito à natureza ideológica do Nacional Socialismo Alemão.
Acredito que o senhor venha acompanhando o clima de radicalização e violência que tomou conta do Brasil em virtude das eleições que se aproximam.
No momento em que lhe escrevo, o candidato em que pretendo votar encontra-se hospitalizado após ter sofrido um atentado contra sua vida. Mais importante do que isso: esse candidato é frequentemente apresentado pelos seus opositores, aqui no Brasil, como “fascista” e também, muito seguidamente, como “nazista”.
Não lhe escrevo com a intenção de discutir com o senhor se o “Nazismo era um Regime de Direita ou Esquerda”. Escrevo-lhe sendo bisneto de imigrantes alemães no Rio Grande do Sul e tendo avós e minha própria mãe como pessoas que aprenderam a falar o idioma alemão antes do português. Idioma que, na década de 1940, eles tinham medo e vergonha de falar para não serem confundidos com "nazistas" pelos demais brasileiros aqui no Rio Grande do Sul. Graças a este medo, minha própria mãe jamais me ensinou qualquer palavra em alemão.
Resumidamente o que tenho a lhe dizer é o seguinte: o Brasil não tem, neste momento, nenhum candidato ou partido político representante do Nacional Socialismo dentro do nosso território nacional.
As manifestações em apoio a esta ideologia assassina são proibidas em nosso país e a Polícia Federal frequentemente descobre e prende qualquer um que faça sua apologia em redes sociais.
O Brasil, enquanto Nação em que ainda sobrevivem alguns traços de Democracia depois do Regime Petista que o destruiu, não tem qualquer interesse em saber se o Nacional Socialismo era uma doutrina de “Esquerda” ou de “Direita” - esse é um problema que diz respeito ao Governo e ao povo da República Federal da Alemanha.
As entrevistas e as manifestações que o senhor e funcionários da Embaixada vem fazendo atualmente, bem como aquelas da Deutsche Welle, tem sido usadas por parte da Imprensa Brasileira (quase a totalidade dela) para acirrar ainda mais os ânimos entre eleitores do Deputado Jair Bolsonaro e integrantes das Organizações Criminosas Comunistas que se apresentam à Nação como PT, PSOL e PC do B e que disputam o pleito de outubro.
Senhor embaixador, ninguém discute que a lembrança e a discussão daquilo que foi o Regime Nazista precisam se fazer presentes para o povo alemão e para o mundo inteiro – sabemos, o senhor e eu, da verdade expressa por George Santayanna quando ele diz que “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, mas me parece extremamente perigoso usar do sofrimento e da morte de milhões de pessoas de todas as nacionalidades, confissões religiosas e ideologias para “fornecer munição” à uma imprensa corrupta e alinhada com o Regime Petista como é a que temos no Brasil.
Peço ao senhor, acreditando que represento aqui a voz de milhões de brasileiros e em nome da boa relação diplomática entre o Brasil e a República Federal da Alemanha, que se encerrem as manifestações desta embaixada.
Na minha mais humilde opinião, esta é a melhor atitude para o Brasil, para República Federal da Alemanha e para memória de milhões de seres humanos que morreram na Segunda Guerra Mundial.
Cordiais Saudações,
Milton Pires
Médico cardiologista em Porto Alegre