Teoricamente, os meios de comunicação devem servir à democratização da informação, permitindo que as classes menos aquinhoadas se coloquem a par de medidas que são tomadas e que influenciam no seu cotidiano. Não podemos ficar sob o domínio de um único grupo que cobre todo o território com suas poderosas antenas.
Porém a realidade é a seguinte: o governo anuncia que todos possuem liberdade de expressão. No entanto, só facilita concessões aos que se apresentam alinhados com sua conduta e elogiam aos berros e em letras garrafais, as poucas medidas benéficas que aquele adota bem como as que servem para “distrair” a galera por algum tempo. Quando as mazelas envolvem o topo da elite, criam uma CPI para sacrificar elementos não mais preciosos na engrenagem. Estas “vítimas” são apontadas como “chefes” do esquema, para dar uma satisfação à sociedade. São afastadas do cenário por dois ou três anos (alguns se tornam embaixadores – por isto nossa imagem no exterior não é das melhores).
Detalhe: os recursos desviados dos cofres públicos, destinados às ações sociais, não são devolvidos. Depois, se faltar dinheiro em caixa, inventam um CPMx (x = A, B, C, ...F, ..Z) para cobrir os rombos que escorrem pelos ralos conhecidos há mais de 50 anos. Cada vez mais largos.
Quando algumas emissoras ou jornais demonstram personalidade e não se acovardam em denunciar sistematicamente as falcatruas e maracutaias montadas em reuniões nos subterrâneos dos palácios da elite, sofrem pressões de todos os tipos: fiscalização acima da frequência, exigências mínimas (um pingo de café na borda inferior da fatura poderá ocasionar a necessidade de uma ressalva autenticada do fornecedor do pó), prazos radicais para saldar seus débitos relativos a impostos, ameaça de perda de patrocínio e se for preciso, violência bruta sobre suas instalações (ainda não esquecemos o atentado à Tribuna da Imprensa).
Até mesmo as rádios comunitárias e jornais de bairros, que não dependem de patrocinadores (até agradecem a ajuda de comerciantes adjacentes), voltados para congregar as comunidades locais para montar mutirões, obter ajuda de emergência e envolver seus moradores para eventos de interesse comum, estão sendo fechados, sob o rótulo de “piratas”.
Curioso é saber que antes das eleições, muitos dos que hoje assinam seu fechamento, fizeram uso deste veículo pedindo votos e prometendo apoio após o pleito. Esta atitude já não nos ilude mais, pois já estamos cansados das promessas de extinção da seca, da falta de leitos nos hospitais, da violência urbana e de outras dificuldades fabricadas para uso exclusivo do trampolim eleitoral.
Ainda bem que atualmente temos meios (por enquanto) às redes virtuais (ainda não usadas com eficácia) que atingem em minutos a milhões de eleitores (80% ainda sem o correto poder de discernimento).
Haroldo Barboza
Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.