A anedota incrustada na candidatura de um presidiário...
11/09/2018 às 04:44 Ler na área do assinanteImagine que o universo conspirou contra, e a Net do STF caiu bem na hora da divulgação da decisão do Celso de Mello, ficando todo mundo sem saber se ele acatava ou não esta última (última?) liminar do Lula.
Como "in dubio pro reo" ("na dúvida, não ultrapasse", em latim), o nome do condenado foi para a urna eletrônica - e ele acabou eleito. No primeiro turno.
A cerimônia da posse foi na sede da Polícia Federal, em Curitiba e a foto oficial causou polêmica (o PT queria que o fotógrafo estivesse dentro da cela, para que Temer é que aparecesse atrás das grades, mas o protocolo não deixou).
Convidados de honra, Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Daniel Ortega e Raúl Castro se recusaram a passar pela revista íntima e tiveram que assistir a tudo pelo telão, no acampamento de Santa Cândida. Com isso, perderam o jantar de gala (quentinha com macarrão, feijão e proteína) e o brinde de Tang. E Lula ficou sem os celular e carregadores, que estavam escondidos nas cuecas e no sutiã.
A primeira reunião ministerial foi no pátio, na hora do banho de sol, mas alguns ministros participaram através de videoconferência, por ainda não terem sido transferidos da Papuda, de Benfica ou de Bangu I - ou porque, com tornozeleira, não passaram pelo detector de metais.
Com o Legislativo e o Judiciário terceirizados para a ONU, a economia deslanchou. O que não se gastou em salários e auxílio-moradia de parlamentares, assessores, juízes e desembargadores deu para cobrir o rombo da Previdência, turbinar a milhagem da população de baixa renda, acabar com o desemprego (foram contratados 13 milhões de novos funcionários públicos) e transpor o Porto de Santos para Cuba.
O programa "Meu quitiguêi minha vida" extinguiu a heterossexualidade e zerou o crescimento demográfico - acabando, de quebra, com a mortalidade infantil e, a longo prazo, com a falta de vagas nas creches, a precariedade do ensino fundamental, os menores abandonados etc.
As revistas de fofoca pagaram uma fortuna pelo vazamento do livro de registro de visitas intimas, e o ‘rolsróice’ supostamente presenteado pela rainha Elizabeth foi substituído, nas saídas (por bom comportamento) de 1º de maio e 7 de setembro, pelo camburão oficial da presidência.
Sem uso, Brasília foi abandonada e só voltou a ser capital após o cumprimento de um sexto da pena.
Mas durou pouco, porque logo veio a condenação pelo sítio, pelos caças, pelo apartamento vizinho em São Bernardo, pelo tráfico de influência em Angola e pela venda de medidas provisórias.
Ainda bem que a Net do STF é melhor que a minha.
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.