O que fazer quando a democracia se torna na quase totalidade na escolha do pior, como é hoje no Brasil?
A prática da democracia brasileira sem dúvida está desmoralizando toda a virtude originária desse excepcional modelo político, que no passado conseguiu desbancar e substituir os regimes absolutistas e propiciou um grande salto da humanidade na busca do desenvolvimento social, político e econômico.
Recordando Aristóteles, em “Política”: “não importa o regime ou a forma de governo, o que importa é a VIRTUDE no seu exercício”.
Dessa concepção, segundo o mesmo filósofo, resulta que qualquer uma das FORMAS PURAS de governo, pressupondo VIRTUDES POLÍTICAS, consistentes na MONARQUIA (governo de um só), na ARISTOCRACIA (governo dos melhores), ou na DEMOCRACIA (governo do povo), conseguirá atender satisfatoriamente as necessidades de qualquer povo.
Afastada a virtude em qualquer uma das formas de governo, tornando-a por isso mesmo uma forma “impura”, degenerada, corrompida, surge necessariamente a TIRANIA (corrupção da Monarquia), a OLIGARQUIA (idem da Aristocracia), e a DEMAGOGIA (idem da Democracia).
O historiador e geógrafo da Antiga Grécia, POLIBIO, substituiu a “demagogia”, que Aristóteles consagrara como corrupção da “democracia”, pela OCLOCRACIA, conservando a “demagogia”, porém ampliando nesse título o elenco de vícios que podem impregnar a democracia.
Portanto a OCLOCRACIA seria a DEMOCRACIA falsa, degenerada, corrompida, malformada, praticada por um eleitorado desprovido de consciência e educação democrática amadurecida, invariavelmente favorecendo a ralé, a escória da sociedade, atraída para a política e dela fazendo uma profissão desonesta e muito lucrativa.
Ao que tudo indica, o “quadro” político do Brasil, às vésperas da eleição de 7 de outubro, que definirá os eleitos para Presidente da República, Governadores, Senadores e Deputados Federais e Estaduais, está perfeitamente delineado para que se possa enquadrá-lo em algum dos modelos de governo e de política preconizados por Aristóteles e Políbio, considerando não só as probabilidades dos candidatos a serem eleitos, como também o atual “plantel” de políticos governando e legislando. Com certeza não haverá mudança substancial do quadro hoje existente. Mais de 80% serão reeleitos. Talvez haja uma mudança importante de titular e “estilo” na Presidência da República. Mas se isso eventualmente acontecer, ainda será muito pouco para uma efetiva mudança do panorama político global.
Quem examinar a nominata dos candidatos à Presidência da República, por exemplo, ficará certamente pasmo, “arrepiado”, com o baixo nível da quase totalidade dos candidatos.
Faltaria espaço para ampliar esse tema. Mas uma “amostragem” parece que seria o suficiente. No Estado de Alagoas, por exemplo, a preferência do eleitorado para governador estaria recaindo nas candidaturas de Renan Filho e Fernando Collor de Mello. No Rio de Janeiro, nos candidatos Romário (um “cara” que passou a vida inteira “pensando” com os pés), Eduardo Paes e Anthony Garotinho, nada melhores. O problema nessas eleições é saber qual o “pior”, não qual o “melhor”.
No seu livro “Mein Kampf” (Minha Luta), escrito por Hitler dentro da prisão, dizia ele que na Áustria, seu país de origem, “eram atraídos a fazer política a pior escória da sociedade”. E certamente não é pelos horrores cometidos sob sua autoridade na Alemanha Nazista que Hitler passou a ser execrado mais que qualquer outro ser humano pela maioria dos políticos. É por ter falado “mal” dessa gente. Mas se o “fuhrer” estivesse hoje no Brasil, e dissesse a mesma coisa que escreveu na prisão, porventura não estaria falando a verdade? Não seria talvez até aplaudido?
Em vista desse “lixo” na competição eleitoral, não resta qualquer outra alternativa que não seja a de enquadrar na OCLOCLARIA a forma de governo no Brasil, tanto atual, quanto após assumirem os candidatos eleitos.
Trocando em miúdos, com essa pretensa “democracia” o Brasil jamais sairá do atoleiro político em que se meteu. Mas já que nesse dilema o único que não pode ser mudado é o próprio povo, o eleitorado, restaria as alternativas de mudar a forma de governo, “dispensando” essa democracia degenerada, ou os políticos já “viciados”. Fora daí não há salvação!!!
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado, sociólogo, pósgraduado em Sociologia PUC/RS, ex-advogado da antiga CRT, ex-advogado da Auxiliadora Predial S/A ex-Presidente da Fundação CRT e da Associação Gaúcha de Entidades Fechadas de Previdência Privada, Presidente do Partido da República Farroupilha PRF (sem registro).