“NÓS” e “ELES”

07/09/2018 às 04:56 Ler na área do assinante

No domingo passado, em virtude de um texto que publiquei (Carta aberta ao ministro Edson Fachin), onde externei minha discordância de pensamento em relação à um voto do ministro, fiquei surpreso pela repercussão alcançada: foram muitos comentários positivos, mas fiquei incomodado por algumas nuances que notei nessas manifestações.

Muitos dos comentários foram agressivos à figura do Ministro, com os quais não concordo em absoluto: a minha discordância com ele se dá no campo das ideias e em absoluto respeito ao ser humano e principalmente àquilo que ele representa como figura institucional.

Mas faço outra reflexão, e não é de agora, há tempos que tenho essa visão: foi instalada no país a política perversa e divisionista do “nós” e “eles”.

O partido no poder se intitulou “nós” e se auto conferiu o poder absoluto da verdade e da defesa do “povo”, enquanto quem não concordava com suas posições e ações, ou ainda não concorda, com essa ideologia absolutista são chamados de “eles”, os “fascistas”, “a direita”, sempre com sentido pejorativo, rotulando como pessoas que não querem a paz social ou o progresso.

Esse clima de divisão das pessoas deságua hoje no episódio absolutamente lamentável do atentado contra o candidato Jair Bolsonaro.

Mesmo eu, que não tenho nenhuma significância na política, em razão do texto, recebi ameaças de morte no aplicativo de mensagens. Recentemente, uma pessoa com a qual mantinha relações cordiais, por discordância política também me ameaçou fisicamente!

Esse é o absurdo a que chegamos!

Política se faz com discordância de ideias e qualquer desvio dessa linha fere profundamente a democracia.

E também não podemos aceitar o oportunismo que os candidatos, com exceção da Marina Silva, que nas entrelinhas das declarações querem atribuir a causa do atentado a uma “violência” pregada pelo candidato.

Já dizia Heráclito de Éfeso, citado por Osho: “o fanatismo é o mal sagrado”.

E como há fanáticos...

Com fanatismo e oportunismo não construiremos uma Nação digna desse nome.

Fayez Feiz José Rizk

Arquiteto em Campo Grande-MS.

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