Artigo: A recessão é inevitável?

Se não é, porque o ajuste fiscal está levando a uma recessão?

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Não é.

Se não é, porque o ajuste fiscal está levando a uma recessão?

O desenvolvimento de um país pode ser medido ou avaliado, segundo três grandes fatores, elementos ou indicadores: inflação, crescimento do PIB e inclusão ou ascensão social, considerando nesse um baixo nível de desemprego.

A visão das autoridades econômicas, comandada por um monetarista, é de a mãe de todos os males é a inflação e essa precisa ser debelada a qualquer custo.

Mesmo que isso cause uma recessão, mesmo que cause desemprego, mesmo que provoque uma regressão nos avanços sociais.

A inflação reflete um comportamento dos agentes econômicos que buscam se salvar, cada um por si, e tomam decisões e ações individuais que, no conjunto, caracterizam a recessão e a inflação.

Uma crise se agrava quando as pessoas acham que há um crise e tomam medidas que agravam a crise. 

Um caso é a demissão prévia. Ao ouvir notícias sobre demissões de grandes empresas, o pequeno ou médio empresário demite logo, reduz os seus custos, antes que a crise o atinja. Com isso acelera o desemprego e a crise. 

O Governo, por outro lado persiste nos aumentos da taxa de juros, como a única medida intervencionista estatal para a contenção da inflação, esperando que os agentes econômicos se ajustem às novas circunstâncias. Até agora não funcionou, com uma forte resistência cultural que é caracterizada pelos economistas e pelos jornalistas como uma resistência da inflação. 

As simplificações levam a tratar a inflação como um processo próprio, independente, adotado por um único agente, caracterizado como o dragão da inflação. Esse dragão não existe. 

A inflação é decorrência da ação de todos nós.

Cada agente, diante das circunstâncias, tem como primeira reação tentar elevar os seus rendimentos. Ajustá-los aos novos custos. Ele só vai desistir, quando perder o poder de reivindicação, de negociação ou determinação.

Os sindicatos, comandados pelos empregados, reivindicam reajustes salariais para repor as perdas. Mas tem que enfrentar a crescente perda por desemprego.

Os empresários diante da queda de vendas, aumentam os preços dos seus produtos, para tentar manter o seu faturamento e seus rendimentos. Só começam a reduzi-los quando não conseguem mais vender com os preços elevados. 

Os prestadores de serviços mantém ou tentam aumentar os preços. São os mais resistentes.

Todos acreditam que estamos em crise e que ela pode se agravar, mas todos querem que os outros a combatam e tomem as medidas para vencê-la. 

Cada um quer se salvar. 

O Governo quer que os outros mudem. Quanto maior a resistência, maior é a sua pressão. O principal instrumento é o aumento dos juros. 

A estratégia governamental não está funcionando. Até quando o Governo vai insistir?

Ou existem caminhos alternativos?

Jorge Hori

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Jorge Hori

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