A irrecuperável perda do Museu Nacional (RJ) traz à tona uma ponta do iceberg da irresponsabilidade pública nacional em qualquer esfera.
O descaso com serviços e bens públicos (exceto com os palácios onde as ratazanas criam nossos problemas que elas chamam de “normas”) regularmente é exposto na mídia (sem a ênfase necessária).
O fato só causa comoção (ameniza em 15 dias – vide boate kiss) quando existem vítimas humanas ou trata-se de algum “bem de interesse da humanidade”.
O foco agora é recuperar múmias egípcias (e assemelhadas) e artefatos que 98% da população nunca teve interesse (criminosamente não foi ensinada a valorizar tais entes) em visitar.
E quanto à segurança de PESSOAS que frequentam hospitais e escolas em condições piores que os valorosos museus espalhados pela cidade?
O BNDES (que é generoso com caros espetáculos circenses), depois de um processo engavetado por mais de quatro anos, agora vai (sem burocracia, pois as eleições estão por perto) conceder verbas para o “projeto múmia”. E para os vivos, tem alguma parcela generosa a ser liberada?
E as pontes, viaduto e túneis (próximos candidatos ao “desmanche”) serão agraciados? Já não podemos confiar nem em estruturas eleitoreiras superfaturadas. Basta lembrarmos da ciclovia do Joá, criada (e desabada) pela prefeitura do RJ para iludir turistas voltados para as “olim-piadas” de 2016.
Corremos agora o risco de uma “licitação transparente” para compra de 500 desfibriladores para as perdidas (infelizmente) múmias.
Quanto às que poluem o planalto, não fazemos questão em preservá-las.
Haroldo Barboza
Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.