Assisti, estarrecido, a convocação feita pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso para a construção de uma aliança eleitoreira entre PSDB (centrão) e PT, para "barrar Bolsonaro".
É por gestos como estes, que estamos onde estamos. Foram estes tipos de movimentos, que levaram a classe política brasileira ao descrédito e a quase repulsa junto da população.
Aos poucos a irresponsabilidade desse homem vai nos revelando como chegamos até aqui e quem ele realmente foi e é.
Foi Fernando Henrique Cardoso quem pavimentou o cenário de tragédia que o sucedeu.
Vaidoso, não mede consequências nos seus gestos e ao apego ao poder, sempre portando-se como um dissimulado estadista e um intelectual de escol.
Pode até ser - e é, muito culto. Mas não é inteligente. O velho imodesto e soberbo não quer apear do poder. Se preciso for, vende a alma para o diabo. Não percebe a inconsequência do seu gesto. Ou seja: quanto mais a escória marginalizada da classe política se unir contra uma "ideia nova" (por pior que seja essa "ideia nova"), mais crescimento ela terá.
A "união" pregada por FHC entre o "centrão" e o PT é anti-natural. E o só gesto de propô-la, já tornam os seus líderes figuras abjetas e rejeitadas pelo eleitor.
O eleitorado vai agir de forma inversamente proporcional ao obsceno aceno feito.
A leitura será: quem não presta se unindo a quem não presta. Então não sobra nenhuma outra via, que não seja a aventura do "Bolsonaro", dentro do conceito de que "pior que está, não fica" (embora possa ficar).
Aí que reside, mais uma vez, a irresponsabilidade burra e egoísta deste(s) protagonista(s) neste momento da vida do país.
Por apego ao poder, nos colocaram e querem nos manter num caminho imprevisível.
O PSDB, PT (e quase todos os outros) estão com as mãos sujas. São partidos que criaram este Estado monstro, centralizador e gigantesco que nos engole a todos (imposto progressivo, zona de interesse social, função social da propriedade, agências reguladoras que não regulam nada, fisiologismo, endeusamento do funcionalismo, máquina inchada, aparelhamento do Estado, o e-social, cultura de divisão de classes, de segregação da família, esfacelamento dos Municípios e Estados membros, manipulação econômica da mídia, controle do Legislativo, ingerência no Judiciário, corrupção).
Está cada dia mais claro: PSDB e PT são entidades socialistas ideológicas que se completam. Fazem jogo, onde um se mostra como o radical e outro como o bonzinho. Simulam que se agridem em público de dia. Dividem a mesma cama à noite.
Nos bastidores buscam somente a perpetuação da própria espécie e a proteção recíproca.
Estão descontextualizados. Hoje tenho um palpite (só um palpite - e não uma declaração de voto ou de apoio) que Jair Bolsonaro pode comprar o terno da posse.
Cheiro de pólvora no ar...
Luiz Carlos Nemetz
Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz