Refugiados e o direito a reescrever a história em busca de liberdade
09/09/2015 às 08:29 Ler na área do assinanteQual é o papel da imprensa? Seria o de cobrir reportagens mundo a fora, revelando a realidade cruenta de imigrantes que tentam escapar de regiões de conflito, onde existe resistência a permanência deles.
A cinegrafista húngara, Petra László, oposta a presença de refugiados sírios, mostrou o lado avesso de uma conduta ética, que deveria nortear sua profissão, preferindo pautar-se no preconceito e no fundamentalismo ideológico nazista. Não se concebe em pleno século XXI, que pessoas que deveriam ter a postura ética, imparcial, estejam a serviço de grupos que militam contra a liberdade e o direito das pessoas de não serem alcançadas pelas mazelas sociais, a exemplo da guerra, dos conflitos armados em todo o mundo.
Certamente, a conduta irresponsável da cinegrafista, é apenas um ato diante de tantos outros, que não escondem a barbárie, a humilhação daqueles que vivenciam a experiência de serem hostilizados dentro de seus países e fora dele. Nos círculos políticos, muitos há, que afirmam estar preocupados com o problema dos imigrantes.
Os movimentos xenófobos vêm crescendo gradativamente, especialmente a partir dos anos 80 com as crises econômicas que ocorreram nessa década e nos anos 90 com o aumento do desemprego em escala global.
Segundo os líderes e adeptos desse tipo de movimento, essa aversão aos imigrantes não se deve a preconceitos por origem, e sim pela preocupação com a perda de identidade cultural, a competitividade entre um nativo e um imigrante, pois o último se sujeita a menores salários e condições precárias de trabalho, isso força uma deflação geral.
Além disso, a entrada da religião muçulmana na Europa é vista como uma ameaça, principalmente após os ocorridos em 11 de setembro nos EUA. Devido às pressões de grupos xenófobos, o governo da França implantou medidas de restrição aos imigrantes, nesse caso, as origens mais afetadas são os africanos e muçulmanos (ex-colônias).
Essa realidade não se resume somente à França, pois os outros países europeus desenvolvidos estabeleceram leis extremamente rigorosas para impedir a entrada de imigrantes.
Recentemente, o grupo de imigrantes que mais sofrem com a discriminação são os do leste europeu, os países da Europa Ocidental impuseram a cobrança de vistos, mas para adquiri-los as burocracias são tão grandes que se torna uma tarefa difícil de alcançar.
Esse tipo de discriminação por parte da população da Europa, especialmente da parte ocidental, tem proporcionado o crescimento e a atuação de grupos denominados de ‘neonazistas’.
Esses chegam a ser extremistas, na Alemanha ocorre uma grande incidência de atentados a imigrantes.
Essa questão é extremamente complexa e difícil de encontrar uma solução, segundo especialistas, isso se deve aos períodos de exploração das colônias, como se os imigrantes vindos dessas tivessem cobrando por tal ato.
Na visão de outros estudiosos, essa temática não terá fim enquanto existir tanta disparidade entre países centrais e periféricos, pois as pessoas desse último sempre vão migrar em busca de sua sobrevivência.
Nunca é demais lembrar que na Antiguidade Clássica, a descrição que Homero fez dos míticos Ciclopes, na Odisséia, já era uma representação alegórica do preconceito dos gregos antigos em relação aos estrangeiros, sentimento este que, desde sempre, teve seguidores ilustres, como Aristóteles e Platão.
Pio Barbosa
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Pio Barbosa Neto
Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará