Com certeza os grandes estadistas perderam seu espaço junto ao povo com o advento da TV. Não podemos ficar esperando a chegada do Messias para nos salvar. Temos de unir recursos em torno de pessoas que pensam como nós e possuem garra e iniciativa para alavancar e manter os movimentos que nos conduzam à estrada da libertação deste estado de letargia onde fomos colocados pela ação orquestrada da imprensa amestrada e amordaçada por vários anos.
Processo temperado com a acomodação de nosso povo cuja prioridade 1 não é a busca de seus direitos. Devemos contar com os líderes de núcleos, tais como:
Chefes de torcidas organizadas, que conseguem agregar nos estádios, os torcedores insatisfeitos, a ponto de derrubarem técnicos e afastarem jogadores que não apresentam bom desempenho. Nos próximos jogos, pintem faixas pedindo a substituição daqueles que entregam o jogo ao inimigo. Entoem cânticos que demonstrem nossa insatisfação com este time de abutres que leiloam os símbolos de nossa pátria. Que desmoralizam nossas forças armadas. Que doam nosso território sob o rótulo de “aluguel” de base de lançamento de mísseis.
Líderes estudantis, que cada dia bolam novas atividades para humilhar os novatos na faculdade. Ao invés de colocá-los nas esquinas pedindo moedas, conduzam estes jovens às portas dos palácios das elites, pintados de sangue, portando faixas e exigindo melhores condições de ensino e oportunidades aos que chegam ao mercado de trabalho. Este será um trote aplaudido pela sociedade.
Líderes de comunidades, que comandam incêndios a ônibus quando uma criança é atropelada por falta de passarela no local onde reside ou em frente à escola onde dorme pela madrugada à espera de uma vaga e um professor que não vem. Conduzam os pais destas crianças às portas das escolas e hospitais, exigindo ensino adequado, segurança e fim das filas que matam os doentes por contaminação. É um direito mais do que justo, pelos impostos que pagam.
Síndicos de condomínios que estão cientes dos problemas que afligem seus bairros há décadas: enchentes, engarrafamentos, limpeza, iluminação, segurança e outros. Exijam que os impostos sejam aplicados nestas áreas ao invés de áreas onde são realizados jogos esportivos que perduram um mês e só dão lucro aos promotores dos eventos e às empreiteiras “contratadas” por licitações camufladas para erguer os complexos esportivos confortáveis apenas para atletas e jornalistas estrangeiros. E que são abandonados um mês após o final da competição e rebatizados de “legado”.
Efetivamente a ação de um único elemento, ou mesmo de um único grupo, ou de vários grupos pequenos e dispersos, sem meios de estabelecer contatos e estratégias, apenas gastarão forças resmungando e sendo repetitivos nas constatações de mazelas que o tapete governamental não consegue esconder mais.
Em suma: canalizem este potencial de liderança sem vaidades, sem desperdícios, sem rancores, que logo aparece um maestro (cuidados com os aproveitadores de plantão) para comandar a orquestra da recuperação de nossa dignidade, pois esta é uma canção fácil de ser executada e a letra tem rima simples (em qualquer tom e qualquer escala):
SAIAM DE FORMA GENTIL E NOS DEIXEM CUIDAR DO NOSSO BRASIL!
Nossa sociedade é um colosso. Já passamos do fundo do poço!
Haroldo Barboza
Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.