O que verdadeiramente disse Janaína no lançamento oficial da candidatura de Jair Bolsonaro

23/07/2018 às 18:16 Ler na área do assinante

Fui ver o discurso de Janaína Paschoal feito, neste domingo (22), no lançamento oficial da candidatura de Jair Bolsonaro. Esperava um show de horrores. Ontem me avisaram, por whatsapp, que ela teria defendido a legalização de drogas, dito que o aborto é um direito, dentre outras coisas.

Janaína não fez nada disso. Aliás, muito pelo contrário: deixou claro ser pessoalmente contra tais pautas, felizmente.

Na parte mais importante de sua fala, a meu ver, falou da necessidade de quem não está no campo da esquerda, traçar e focar em "linhas mestras", "não sendo a hora da lupa" nos que apresentam mais pontos em comum conosco. Concordo totalmente. Foi além: afirmou que seu compromisso não é com esta ou aquela candidatura, mas com a pátria. Parece clichê, e é. Mas um clichê dos bons.

Gosto do jeito de Janaina. É uma mulher apaixonada, com seus ímpetos, e que, aparentemente, não fica calculando friamente o que dirá. Abusa, é verdade, do tom professoral, hábito que pode aprender a perder, mas passa uma paixão e esperança pelo país que, admito, invejo. Se fosse da vertente permitida de pensamento no país, seria considerada uma deusa empoderada, mas está "no lado errado".

A imprensa tradicional, mais uma vez e infelizmente, retrata um carnaval de opiniões, distorcendo fatos objetivos, continua a tratar o eleitorado de Bolsonaro como ignorantes nazistas saídos de outro século. Erra. Erra feio, pois não consegue trazer à tona certos pontos fracos do candidato, para confrontá-lo num combate que seria bem-vindo à democracia, e, desta forma, apenas sublinha que o abismo entre as redações e o chão das cidades do Brasil é intransponível.

O jornalismo tradicional não mostra interesse verdadeiro ou sequer mínima empatia - esta palavra deveria ser pintada nas redações - com o mundo real. Nem a questão de violência abala os corações gélidos. Nem o noticiário sangrento cria a fagulha da curiosidade: "Por que um candidato bombardeado intensamente atrai tantos apoiadores? Sobre o que ele está falando? Quem é este sujeito?". Não. Já decidiram, pois se consideram mais inteligentes do que o resto dos mortais, o que deve ser ou não levado a sério.

No lugar dele, é tudo o que eu gostaria. Comemoraria cada golpe da imprensa como se fosse uma vitória de uma batalha que não escolhi lutar. Bolsonaro tem pouco de televisão, é verdade, mas há muitos celulares por aí, fato que a imprensa parece esquecer. E, claro, com a mais básica noção de marketing: "Falem mal, mas falem de mim", ele não sai da pauta diária dos grandes veículos.

Em resumo, e repetindo o que pessoas muito mais inteligentes do que eu já resumiram: a imprensa é, de graça, o maior cabo eleitoral de Jair Bolsonaro.

Ah, preciso voltar ao começo: Janaina.

Não acho que ela aceitará o cargo de vice-presidente. Mas, mesmo assim, repito: cumpriu importante missão, e alertou para o erro mais perigoso que existe na política: o de endeusar qualquer político - vivo.

da Redação
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