A vitimização e a “evangelicofobia” de Marcelo Crivella
07/07/2018 às 15:49 Ler na área do assinanteFoi-se o tempo em que o ataque era a melhor defesa. Hoje, a melhor defesa é a vitimização.
É só dar olhada na justificativa do prefeito do Rio para os privilégios que pretende conceder ao seu grupo religioso. Na falta de qualquer argumento consistente, ele e seus seguidores (e são muitos!) apelam para a evangelicofobia.
Dar prioridade no atendimento médico, no uso de áreas públicas, na execução de obras, nas isenções ficais, a um grupo específico (definido pelo credo religioso) e fazê-lo no Palácio da Cidade, em reunião a portas fechadas, sem permissão para registro, não é corrupção, favorecimento, improbidade administrativa ou crime eleitoral. Quem diz que é o faz por... preconceito.
Crivella não pode alegar, como Dilma, que o criticam por ele ser mulher. Gordofobia não ia colar. Sendo branco, não tem direito de invocar racismo. Também não ficaria bem apontar a homofobia estrutural do patriarcado ou que o perseguem por ter colocado trinta milhões de miseráveis para andar de avião.
Restou a evangelicofobia.
Na próxima vez que o Detran me multar por excesso de velocidade, vou recorrer dizendo que é preconceito por eu ser vegetariano.
Se algum vizinho reclamar do cheiro do xixi do Tião na varanda, será intolerância à minha condição de taurino.
É pelo fato de ser ateu que vão insistir em cobrar o estacionamento quando eu ultrapassar os dez minutos de cortesia.
E que ninguém me venha exigir coerência, concordância verbal, bons modos à mesa ou atendimento às normas técnicas.
#MineirofóbicosNãoPassarão
Eduardo Affonso
É arquiteto no Rio de Janeiro.