Diálogo sobre ditadura da corrupção e a religião civil
27/06/2018 às 06:37 Ler na área do assinanteDr. Milton e o “Entrevistador Imaginário"
- Dr, o senhor é a favor de uma Intervenção Militar no Brasil?
- Sem dúvida nenhuma! Amanhã mesmo!
- Ai, Doutor, que horror! Por que uma coisa dessas?
- Porque não há mais “Democracia” nenhuma a ser preservada no Brasil. Existe uma Ditadura da Corrupção e é impossível mudar isso “democraticamente”. Sustentar que é possível fazê-lo é a mesma coisa que “trocar o pneu do carro com ele andando”. Você pode liquidar uma Democracia com uma Ditadura, mas não pode derrubar uma Ditadura "democraticamente". Houve uma Revolução Cultural no Brasil que começou na década de 1960 e atravessou todo Regime Militar. Em 2003 a Revolução "terminou" e foi instalada pelos Vagabundos Petistas a Ditadura da Corrupção. Antes dos Vagabundos Petistas a Corrupção girava ao redor do Governo. Com a chegada do Regime Petista o Governo passou a girar ao redor da Corrupção. A Revolução Cultural deu lugar a uma Revolução Copernicana e ninguém viu.
- Como seria a sua Intervenção?
- Eu prenderia Temer, fecharia o Congresso e o STF imediatamente.
- Hum... E depois?
- Depois eu faria todo possível para convocar eleições diretas com voto facultativo, no papel e dentro de um prazo de 90 dias.
- Ué, não entendi: o senhor então não é favor, não gosta da ideia de uma “Ditadura Militar”?
- Não, não sou, não! Não “gosto” nem mesmo da ideia de uma “Intervenção Militar”. Pensar que eu “gosto” da ideia de intervenção é a mesma coisa que acreditar que eu “gosto” de fazer exame de próstata ou tratamento de canal: não tem sentido nenhum colocar isso em termos de “gostar” ou “não gostar”. Para ser franco, não tem nem sentido acreditar que cabe ao Exército decidir se aceita ou não intervir - o Exército não tem (aliás ninguém tem) essa "escolha". Acreditar nisso é acreditar numa ilusão de controle absoluto da História.
- Hum...Então o senhor vê problemas com a ideia da Intervenção em si mesma?
- Claro que sim! Há problemas do ponto de vista econômico, logístico, geopolítico...Tem problema que não acaba mais e mesmo estes militares que falam mal dos intervencionistas, em certos aspectos, tem razão quando dizem que a Intervenção é “uma coisa que se sabe como começa mas não se sabe como acaba”.
- Pois é: além disso, a Democracia é, dentre todas as outras formas de Governo, a menos ruim, não é doutor?
- É, sim, isso é verdade...
- E isso não quer dizer que devemos fazer qualquer coisa para manter o país num Regime Democrático?
- Não, não quer, não! Fazer uma afirmação desse tipo é algo extremamente perigoso.
- É? Por quê?
- Porque, em primeiro lugar, na sua pergunta você não definiu o que o que, de fato, é uma Democracia e, em segundo lugar, “fazer qualquer coisa” para manter o Brasil em Regime Democrático é o mesmo que dizer que “os fins justificam os meios”.
- O que, de fato, é um Regime Democrático, Dr. Milton?
- Uma Democracia é, antes de qualquer coisa, UMA das diferentes formas de governar os homens uma vez reunidos em Sociedade.
- Existem outras?
- Existem, sim! Existem várias outras. O autor que primeiro definiu isso na História foi Platão e o livro em que você pode encontrar maiores detalhes é “A República”. Em 431 A.C, um cidadão ateniense chamado Péricles fez um discurso, uma homenagem aos homens que morreram lutando na Guerra do Peloponeso. O discurso foi registrado e lançado para posteridade por um historiador chamado Tucídides – é a partir dele que se começa a falar, propriamente, em Democracia.
- Tá, doutor, tudo isso é história e filosofia. Muito bonito, mas na prática, como se garante que um povo está vivendo em Regime Democrático? É através do voto? Das eleições?
- Não mesmo! Nada disso! É através do respeito absoluto por uma Constituição Democrática que afirma e garante, em primeiro lugar, o Estado de Direito – sem obediência ao Direito, que regula às relações dentro do Estado e a própria possibilidade da Política, não há “democracia” nenhuma. É por isso que não existe mais democracia no Brasil.
- Hum...Eu lhe pergunto; pode haver uma ilusão de que existe Política e até mesmo uma ilusão de Democracia, sem obediência absoluta ao Estado de Direito??
- Pode. É isso que outros, muito antes de mim e com outro sentido, chamaram de “Religião Civil”. Trata-se de “resumir” o conceito de Democracia em “participação popular”, de acreditar, piamente, na ideia de que a Política está acima do Direito e, principalmente, trata-se de acabar com a diferença entre Governo e Estado. Nasce daí um monstro que mistura Mao Zedong com Maquiavel na mais perfeita, corrupta e poderosa ditadura de que a Humanidade já teve notícia até hoje.
- E o que vai acontecer em outubro, Dr. Milton??
- Em outubro, com vitória ou derrota do Bolsonaro, eu ACHO (vou repetir:ACHO) que vai acontecer uma tragédia provocada por aqueles que acreditaram que ainda havia “restos de Democracia” suficientes no Brasil para realizar uma eleição justa – não há nem vai haver. O futuro Governo será definido pela Ditadura da Corrupção. Se Bolsonaro ganha e não cumpre com o que esperamos dele, não adianta votar nele. Se ele ganha e cumpre com o que se espera dele, ele será derrubado ou morto e, da mesma forma, não adianta votar nele.
Se ele vence pelo voto, fecha o Congresso, prende os Ministros do STF que hoje soltaram Dirceu e amanhã vão soltar Lula, se prende também, com ajuda dos militares, os demais membros da ORCRIM, nesse caso a eleição dele vai apenas atrasar a Intervenção que terá de vir de qualquer maneira.
Milton Pires
Médico cardiologista em Porto Alegre