A menina russa: Ao corpo diplomático da Rússia no Brasil e ao povo russo

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Dito já foi, há muito tempo, que o juízo de síntese é superior ao de análise. A inteligência, a própria complexidade da razão humana, se mostra não na capacidade explicativa, mas na que elabora em poucas palavras o “resumo” de uma situação.

Decorre do exposto acima, digo eu, que a capacidade sintética de uma afirmação, de um “juízo de elaboração”, envolve “ligar pontas”, estabelecer elos de conexão entre aquilo que o vulgo diz não ter “nada a ver” e os elementos fáticos do que lhe é dado como novo, do que aparece como notícia.

Se um grupo de brasileiros viaja para outro país, cerca uma jovem que não fala sua língua e a convence, naquilo que diz ser uma “brincadeira”, a repetir barbaridades contra si mesma em português, o que pode haver “por trás disso”?

Lembrem: nós, os brasileiros, somos os habitantes do país que procura o que “está por trás” dos fatos. Sempre há, acreditamos nós, alguma coisa “por trás” do que aconteceu, não é mesmo?

É! É claro que é, sim! A ironia, aquilo que talvez seja a prova universal da nossa estupidez, é que quando não existe NADA por trás nós insistimos nos juízos analíticos e, quando há; apresentamos imediatamente as mais estúpidas sínteses possíveis!

O fato ocorrido na Rússia mal tinha “terminado de acontecer” e nós já tínhamos explicações prontas: a legião de psicopatas feminazis e os vagabundos petistas de plantão afirmavam tratar-se de “machismo” e “assédio contra a mulher”, os envolvidos diziam ter sido uma “piada de mau gosto” e essa coisa que alguns chamam de “direita brasileira” (na verdade bobalhões liberalóides) veio com o argumento de que “existem coisas mais importantes acontecendo” no país.

O que a ralé, a escumalha, a malta, a escória de novos ricos brasileiros que dirigem Mercedes Benz (com adesivo “Deus é Fiel” e escutando “Jojô Todinho”) protagonizou na Copa da Rússia perante às câmeras de TV do Mundo inteiro foi:

1. fato de implicação diplomática para o Brasil porque submete ao vexame, ao constrangimento público, a imagem de duzentos milhões de brasileiros, ali representados por meia dúzia de bêbados.
2. fato que compromete, na Rússia, a segurança de outros brasileiros que, sem ter “nada a ver” com a situação, passaram a ficar sujeitos às represálias dos russos depois daquilo que brasileiros fizeram com uma conterrânea sua.
3. fato que evidencia a miséria, a tragédia cultural de uma Nação que, depois de treze anos de Regime Petista, só consegue dizer que “tem coisa mais importante acontecendo” ou interpreta a falta de caridade, o abuso da inocência, à luz de categorias criadas por vagabundos petistas para uso político.

Nós não somos, afirmo eu, capazes de fazer a interpretação correta e o mea-culpa daquilo que aconteceu na Rússia. Somos carentes, somos privados dos elementos necessários para fazer esta interpretação.

Para entender o que os vagabundos fizeram na Rússia teríamos que ter uma noção de “Pátria”, uma ideia de “Nação” - nós não temos! Não somos uma Nação; somos um “bando” de gente reunida numa determinada área geográfica onde cada um cuida do seu rabo e não vai sentir vergonha alguma em nome de uma “algo” chamado “Brasil.”

Teríamos que ter, em segundo lugar, a capacidade de empatia: teríamos que imaginar turistas russos no Brasil fazendo uma menina brasileira repetir “Buceta Rosa” em russo na frente das câmeras – nós não temos!

Teríamos, em terceiro lugar, que imaginar como se sentiram a menina russa, seu pai e sua mãe quando entenderam o que aconteceu: nós não temos e nem queremos ter – eles que “se fodam”.

Teríamos, em quarto lugar, que ter uma Imprensa de Verdade – não uma legião de gays comunistas, maconheiros e cheiradores de cocaína dentro das redações da Globo, Folha de SP, BAND e RBS que não sabem mais o que fazer para soltar Lula, ver Marielle Franco canonizada e Márcia Tiburi governando o Rio de Janeiro.

O que aconteceu na Rússia foi a consequência óbvia, a manifestação natural de um tipo de pessoa que vem de uma sociedade em que se enfiam estátuas de Nossa Senhora na bunda em pleno calçadão de Copacabana, em que crianças são levadas por suas mães para tocarem em homens nus em museus, em que professores levam surras homéricas de alunos das escolas públicas, em que pacientes são atendidos por falsos médicos, em que um bêbado analfabeto e ladrão manda a Justiça “enfiar o processo no cu”, em que uma ladra preside o país vendo cães invisíveis e saudando a mandioca...

Um país em que onze canalhas dentro do Supremo Tribunal Federal rasgam a Constituição a cada vinte e quatro horas...em que o voto é obrigatório, em que não se pode ter arma, em que se pensa no retorno da contribuição sindical...um país do Lula, FHC, Aécio, Gleisi, Renan, Jucá, Eliseu Padilha, Sarney, Paulo Pimenta, Maria do Rosário...um país em que mais de sessenta mil pessoas são assassinadas por ano e quase dois terços da população quer deixar para morar em outro país…

O que se viu na Rússia foi a consequência natural das novelas imundas da Rede Globo, do prazer que sentimos ao ver pessoas caindo e se machucando em acidentes domésticos quando um gordo cretino e corrupto nos mostra isso durante todas as tardes de domingo…

O que nós vimos os vagabundos fazerem com a menina da Rússia foi, Deus que me perdoe, a consequência, o resultado natural, a manifestação mais pura e legítima da nossa cultura em 2018...a expressão máxima e mais pura daquilo que somos atualmente: – brasileiros...

Em nome de toda pessoa nascida no Brasil com um mínimo de decência, de honra e vergonha na cara, ao saudar e cumprimentar todo corpo diplomático da Federação Russa em território nacional, apresentamos aos senhores as nossas mais sinceras desculpas.

Foto de Milton Pires

Milton Pires

Médico cardiologista em Porto Alegre

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