Desiludido, professor que identificou falhas na urna eletrônica troca o Brasil pela Dinamarca
14/06/2018 às 11:18 Ler na área do assinanteO professor doutor Diego Aranha, da Unicamp, que coordenou uma equipe que apontou inúmeras falhas de segurança na malfadada urna eletrônica está afivelando as malas e trocando o Brasil pela Dinamarca, onde dará aula na universidade Aarhus, a maior daquele país e tida como uma das melhores do mundo.
Diego Aranha confessa que uma ‘desilusão generalizada’ foi determinante para a sua decisão.
Ele considera a desilusão com a questão da urna eletrônica apenas mais um motivo para a sua partida para uma outra vida, bem distante do Brasil.
Sobre a urna eletrônica ele revela que foram inúmeros os resultados alcançados que demonstraram a notável fragilidade do dispositivo.
“Conseguimos, por exemplo, alterar mensagens de texto exibidas ao eleitor na urna para fazer propaganda a um certo candidato. Também fizemos progresso na direção de desviar voto de um candidato para outro”.
No trabalho realizado pela equipe de Aranha, o TSE impôs limitações de tempo e ofereceu condições bem inferiores às quais trabalhariam eventuais fraudadores, mesmo assim foi possível explorar pontos vulneráveis para adulterar o software de votação e entrar no ambiente da urna eletrônica.
Inexplicavelmente, o Supremo Tribunal Federal decidiu suspender a adoção parcial do voto impresso nas eleições de 2018.
A impressão do voto seria implantada em 5% das urnas, a um custo de R$ 57 milhões.
No twitter, Diego Aranha postou o seguinte:
"É o triste fim de um trabalho duro de seis anos para provar que o nosso sistema de voto é inseguro. Eu decidi ser um cientista para melhorar a sociedade, mas talvez eu fui muito inocente de achar que isso era possível no Brasil”.