Criança que resiste à matemática pode sofrer de discalculia
09/06/2018 às 13:55 Ler na área do assinanteCriança que resiste à matemática pode sofrer de discalculia, muitos pais e professores não sabem, mas crianças com dificuldades para continhas simples do tipo 4+3 ou 4x3, ou ter um olhar de espanto e desinteresse ao ver fórmulas ou contas que exigem poucos segundos de raciocínio, podem sofrer de discalculia.
Se um dos problemas acima faz parte da vida de seu filho e não condiz com a idade escolar dele, fique atento. O pequeno pode ser uma criança que resiste à matemática e sofre de descalculia, um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números e, óbvio, o desempenho em sala de aula.
Considerada um problema de aprendizagem aritmética que atinge cerca de 3 a 6% da população em idade escolar, a discalculia pode estar associada à dislexia e faz com que a pessoa tenha dificuldades para estimar grandezas, confunda operações, conceitos, fórmulas, sinais numéricos e a utilização da matemática no dia a dia.
A discalculia é mais comprometedora da funcionalidade que os problemas relacionados à leitura, porque toda nossa vida gira em torno de números. O mau desempenho matemático tem várias consequências, como a baixa remuneração dos empregos e a dificuldade de aquisição de renda – explicou o neurologista Vitor Geraldi Haase durante o 6º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções.
Você percebe que seu filho está em conflito com a matemática quando tem notas baixas na disciplina, dificuldade de aprender, não consegue compreender a tabuada, persiste em contar nos dedos, não faz relações com tempo, tamanho e quantidade. Mas, para avaliar a aquisição ou não da discalculia, o recomendado é aplicar testes padronizados. Nem toda resistência é sinal do problema.
Pais e escolas que não conhecem o conceito da discalculia ficam desamparados. Atribuem o transtorno à preguiça ou à suposta burrice das crianças. Assim, acabam usando medidas punitivas, castigos e o conflito familiar para mudar o comportamento das crianças – disse Haase.
Ao longo da vida, os reflexos das “complicações numéricas” são tantos que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Matemática, o raciocínio desenvolvido pela matemática pode influenciar também no progresso da leitura e da análise de textos. Além disso, crianças com dificuldade na disciplina geralmente carregam estereótipos na escola. Na fase adulta, se não tratadas, podem ter complicações até na hora de fazer compras parceladas, distribuir o salário e montar o orçamento doméstico, explica o Pedagogo e Matemático Valdivino Sousa. A matemática pode ser um problema em sala de aula. Mas precisa ser bem ensinada e aprendida – alerta o Pedagogo e Matemático.
Se pais e professores não têm paciência, e didática, a criança poderá ficar insegura e com medo de novas situações, podendo desenvolver até mesmo uma fobia matemática. Baixa autoestima devido a críticas e punições de pais e colegas também subtraem o lado intelectual e pessoal.
Criatividade ajuda a somar
Cubos de números, material de contas douradas, barras de diferentes comprimentos e objetos com diversas formas geométricas poderiam ser divertimento de qualquer brinquedoteca de uma escola. Nas aulas da professora de matemática Luciane Cardoso de Freitas, do colégio Província de São Pedro, na Capital, os materiais são apoios diários no ensino da matemática.
Os conteúdos são desenvolvidos a partir de materiais e trabalhados em grupos, que somam, dividem e subtraem. Com a forma lúdica e concreta, conseguem visualizar e entender melhor, fazendo grandes descobertas com os números.
– Há crianças com fobia matemática por nunca terem sucesso na disciplina, assim como não conseguem acompanhar o raciocínio. “Cabe ao professor dar oportunidade a cada criança de acordo com a sua capacidade e desempenho, pois cada criança tem seu limite de aprendizagem, fazendo dessa forma teremos sucesso e a própria criança começa ver a matemática com outros olhos”, diz o Pedagogo e Matemático Valdivino Sousa.
De acordo com a Valdivino Sousa que também é e professor de Matemática e criador do método XYZ que facilita na aprendizagem de equação e expressão algébrica com o uso de objetos ilustrativos, “alguns processos cognitivos são importantes para a aprendizagem da matemática. Um deles é a memória de trabalho, capacidade que temos de reter dados temporários no mesmo momento em que processamos outras informações. Além disso, os professores também devem estar qualificados para identificar a melhor forma de trabalho”.
Briga da tabuada
Contagem nos dedos, nos palitinhos, fechando os olhos ou falando em voz alta. Seja qual for a técnica utilizada, a tabuada deve ser memorizada. De acordo com o neurologista Vitor Geraldi Haase, doutor em biologia humana, ao decorar a tabuada, a criança ativa os dois lados do cérebro. Mas pessoas com discalculia apresentam dificuldade de desenvolver o sistema simbólico verbal e arábico, o que traz dificuldade de aprender e de perceber o significado da tabuada.
Ui, que medo!
Suadores, calafrios, dores de barriga ou de cabeça podem ser sinais de ansiedade ou de fobia relacionada aos números. A aversão pode ser produto de experiências negativas, como o constante erro nos exercícios matemáticos e a repressão e cobrança de pais e professores. A dica para superar é relaxar, ter paciência e, em casos complicados, procurar um especialista.
Teste em casa
Pais e professores que identificam cedo alguma dificuldade matemática nas crianças podem ajudá-las a superar o problema. Uma dica do neurologista Vitor Geraldi Haase é fazer um teste de gnosia digital em casa.
Esconda a mão da criança com um pano ou com uma caixinha. Toque em um dos dedos dela, sem que ela veja qual deles foi apalpado. Depois, pergunte qual foi o dedo tocado. Se ela errar, é possível que tenha de receber atenção especial na área da matemática – e os pais podem incentivá-la em casa. O teste pode ser feito em crianças de cinco e seis anos.
Outra opção é fazer uma espécie de happy hour com seu filho. Reserve um momento do dia para se envolver com ele por meio de brincadeiras e atividades sociais. Se a criança mostrar-se rebelde, use técnicas de obediência por meio do incentivo, e não da punição.
Professor particular
Por mais que alguns pais acreditem que o professor particular é uma forma de dependência para o aprendizado, o profissional pode, sim, ajudar no desempenho das crianças em sala de aula. Com aulas focadas em determinadas necessidades, as aulas podem ajudar até mesmo a desviar o conflito de autoridade dos pais, que nem sempre têm paciência na hora de ensinar os pequenos.
da Redação